São Paulo, 24 de dezembro de 2024

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14/03/2015

Por que é vital para a indústria aprimorar o Reintegra

(*) Regina Celi Venâncio

(15/03/2015) – Para fazer a economia andar, algumas vezes, é fundamental que o governo crie ou renove medidas de incentivo aos setores produtivos. É o caso específico do Reintegra, regime que devolve aos exportadores, parcial ou integralmente, o resíduo tributário remanescente na cadeia de produção de bens exportados. Defendemos esta iniciativa porque é fundamental para as indústrias brasileiras ganharem competitividade internacional, afinal muitas delas empreendem hoje grandes esforços para compensar o esfriamento do mercado interno brasileiro.

Mais do que simplesmente manter este regime de reintegração de valores tributários, queremos que o governo trabalhe em seu aperfeiçoamento, enfrentando pontos polêmicos, mas extremamente importantes para o estímulo às exportações, como a pertinência de aumento do atual percentual de 3% de devolução e a desoneração dos encargos devidos na folha de pagamento dos processos produtivos de bens destinados à exportação, os quais também representam resíduos que oneram a cadeia de produção, prejudicando consideravelmente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

É sabido que, infelizmente, o atual quadro econômico não apresenta sinais concretos de recuperação, em curto prazo, e as dificuldades da economia brasileira neste ano de 2015 são reais. Todos os setores são atingidos com cargas tributárias elevadas e, em alguns casos, reajustes salariais acima da inflação. Porém, além da conjuntura econômica adversa, a indústria enfrenta outras dificuldades decorrentes de uma combinação de fatores como políticas setoriais frágeis, infraestrutura deficiente e concorrência internacional acirrada. Com as vendas internas tão desaquecidas, muitas destas empresas tiveram que rever seus processos a fim de reduzir ainda mais os custos, salvaguardar investimentos e, sobretudo, otimizar seus esforços para as exportações.

Por outro lado – usando o dito popular – chr38ldquo;há males que vem para bem”. Isto porque, sem dúvida, vender para o mercado internacional demanda uma série de mudanças de gestão e de processos, que por sua vez resultam na modernização das empresas brasileiras, principalmente na busca por produtividade. Ao optar-se pela exportação, talvez a mais imperativa transformação que tenha que ocorrer no ambiente empresarial é a de mentalidade. Para colar a tarja chr38ldquo;exportação” na embalagem dos produtos, todos dentro da empresa precisam pensar diferente e não apenas a direção. Uma nova cultura deve dominar todas as áreas da companhia e cada colaborador precisa entender as exigências para lograr sucesso em mercados muito mais competitivos. Mudam todos os processos e é preciso investir em treinamento e reciclagens de áreas como produção, acabamento, embalagem, logística, comercial, tributário, financeiro e marketing. Em resumo, trata-se de um grande aprendizado e um enorme esforço, pois o mercado internacional não é feito apenas de oportunidades, requer estratégia, imensa eficiência operacional e a construção de imagem.

Portanto, a lição de casa a ser feita é grande. E todo esse esforço não pode acontecer sem que haja por parte do governo uma atenção especial para o quadro de dificuldades enfrentado pela indústria, principalmente diante do pesado impacto tributário.

(*) Regina Celi Venâncio é presidente da Termomecanica

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