(*) Carlos Buch Pastoriza
(15/02/2015) – No decorrer do ano de 2014, face o andar da carruagem, não era nenhuma novidade que teríamos um ano de 2015 bastante complicado, com forte ajuste fiscal e retração econômica.
Pois bem! O ano nem bem começou e algumas medidas nessa direção já foram anunciadas! A sociedade brasileira foi brindada com um pacote de aumento de impostos: Elevação de IOF nos financiamentos e dos juros para financiamento da casa própria, volta da CIDE nos combustíveis, a não correção plena da tabela do imposto de renda, dentre outros.
Para a indústria, mais especificamente a de máquinas e equipamentos, sobrou, por enquanto, a redução de aporte de recursos, a elevação de juros e diminuição da parcela financiada no PSI-FINAME e nas demais linhas do BNDES, esta que vinha sendo a principal e, talvez, a única ferramenta capaz de minimizar a perda de competitividade sistêmica da indústria nacional de máquinas e equipamentos.
Sem fazer juízo de valor em relação às medidas anunciadas até o momento, é fato que, em função dos sucessivos equívocos cometidos pelo governo nos últimos anos, fortes ajustes seriam necessários. Entretanto, somente o aumento de impostos não será o remédio suficiente para recolocar a economia brasileira nos trilhos.
Acrescente-se a isso as constantes elevações da taxa SELIC (com o argumento de combate à inflação) que produz efeitos nefastos à economia, uma vez que inibe os investimentos, pois se torna mais atrativo investir no mercado financeiro e ainda atrai capital especulativo, provocando a valorização artificial do real frente ao dólar, o que torna a indústria nacional ainda menos competitiva. Isso sem falar no aumento de gastos com juros para o governo, o que vai totalmente na contramão do tão perseguido ajuste fiscal (cada ponto percentual de aumento da SELIC representa um gasto anual da ordem de R$ 10 bilhões para os cofres públicos. No ano, o governo gasta cerca de R$ 250 bilhões só com o pagamento de juros).
O governo precisa sinalizar, com a mesma velocidade com que anunciou o aumento de impostos, a implementação de medidas capazes de promoverem a retomada da competitividade brasileira. Do contrário, somente a elevação de impostos, somada à crise vivenciada pela Petrobras e pelos setores de etanol, siderurgia e mineração (maiores adquirentes de máquinas e equipamentos) vão levar toda a cadeia da indústria de transformação para uma crise sem precedentes, muito mais séria do que a que já estamos vivenciando atualmente.
Esperamos que, com brevidade, venham a ser anunciadas medidas para a diminuição do Custo Brasil, simplificação do sistema tributário, redução dos spreads e juros escorchantes que são cobrados das empresas e a melhoria da infraestrutura brasileira, com o destravamento das concessões públicas, além, é claro, de um câmbio minimamente favorável ao setor produtivo.
Seria futurologia prever o quão fortemente o ano de 2015 está comprometido, mas é fato que passaremos por um período de significativa retração econômica. Nós, da Abimaq, vamos continuar motivados e envidando todos os esforços, dando a nossa contribuição, apresentando propostas e cobrando do governo as ações que possam recolocar o país rumo à retomada do crescimento.
Sabemos que as questões estruturais não se resolvem de imediato, contudo, o governo precisa dar sinalizações claras, com urgência, de que irá começar a implementá-las, ainda em 2015, para que 2016, com a “casa arrumada”, venha a ser um ano de retomada do crescimento da economia brasileira.
Ainda que as previsões não sejam as melhores, que venha 2015!
(*) Carlos Buch Pastoriza é presidente da Abimaq