São Paulo, 23 de dezembro de 2024

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23/06/2012

O gap entre a educação e a indústria

(*) Mauro Andreassa

(24/06/2012) – Recentemente reportagens a respeito da falta de engenheiros no País, um suposto déficit de 40 mil profissionais, viraram lugar-comum. As especulações sobre os motivos passam pelo crescimento repentino da economia nacional em valores de 7,5% e vão até a eficácia das universidades na empreitada da formação de engenheiros.

O vestibular da Fuvest 2012, o maior do Brasil, confirma esse déficit. Nos cursos de Engenharia da Escola Politécnica tivemos 15 candidatos para uma vaga, enquanto nas carreiras de Publicidade e Propaganda e de Relações Internacionais essa relação foi de 47 e 44 candidatos por vaga, respectivamente.

Curiosamente, em outubro de 2010, a Casa Branca justificou a participação especial do presidente Barack Obama no programa MythBusters do canal pago Discovery (a atração que busca separar ciência de mito), como “uma tentativa de despertar o interesse dos jovens americanos em matemática e ciência, face à falta de entusiasmo nesses assuntos”.

Hoje o Brasil faz parte do bloco dos mercados emergentes, e sua industrialização foi iniciada timidamente na década de 1930 com os jovens padecendo do mesmo desinteresse pelas ciências exatas que os de países cujo desenvolvimento científico já demonstrou sua supremacia, colocando o homem na Lua. Agora é tratar a doença da indiferença para que não se transforme em um mal crônico, e, para isso é preciso ir à raiz do problema.

Nesse palco temos dois atores, a universidade de um lado e a indústria de outro. Permeado pelos áridos primeiros anos da graduação, o ambiente acadêmico tem registrado taxas de evasão de 55% em algumas escolas de Engenharia, o que expõe falta de interesse na profissão e lacunas, legado dos ensinos básico e médio. A distância verificada entre as aulas conceituais e o entusiasmo pela ciência e tecnologia é outra dura prova de resistência. Em um ambiente tecnológico tão veloz, notadamente em áreas como eletrônica e comunicação, fica difícil culpar as universidades.

Como pano de fundo dessa análise, cabe lembrar que, em geral, as universidades têm os cursos noturnos como pilares de sustentação. Em muitos casos isso se traduz em alunos já integrados ao mercado de trabalho, que passam o dia em rotinas exaustivas e que chegam cansados à aula, não raro questionando a utilidade dos conceitos a que estão sendo expostos. Não esqueçam: eles têm poder de comparação e percebem a distância entre o acadêmico e o corporativo.

O modelo “professor-lousa-giz-saliva” também não ajuda muito a resolver essa equação. Evoluímos do retroprojetor ao Powerpoint, mas apenas a embalagem mudou. O conteúdo continua basicamente o mesmo, e perde em dinamismo para a internet que democratizou o conhecimento. Longos anos de crescimento medíocre criaram alguns professores de engenharia que tiveram pouca oportunidade de frequentar um chão de fábrica, e, portanto, sentem dificuldade em contextualizar o conhecimento teórico. O mesmo se passa com os laboratórios das universidades, também defasados em relação à indústria.

O universo corporativo exibe no Brasil um ambiente altamente competitivo. Que o diga o crescente mercado de veículos, perto de 4 milhões de unidades/ano , e o importante parque industrial automotivo espalhado país afora, que, ao menor soluço do mercado, pode nos posicionar perigosamente próximos da ociosidade. Essa indústria anseia por novos engenheiros que possam imediatamente cumprir objetivos sempre ambiciosos.

Além da formação técnica intrínseca à atividade, espera-se do recém-formado que saiba trabalhar em equipe em ambientes multiculturais, entenda e se adapte rapidamente à cultura corporativa da empresa. Longas jornadas de trabalho são comuns, e dificultam ainda mais o esforço para o imprescindível aprendizado contínuo, como cursos de pós-graduação, mestrados profissionais ou até mesmo cursos de idiomas.

Harmonizar e aproximar esses dois universos é uma das tarefas a que se dedica a SAE Brasil, através de seus programas estudantis, Baja SAE Brasil, Fórmula SAE e AeroDesign SAE Brasil e de suas ferramentas de educação continuada com cursos específicos ao mundo da mobilidade, nem sempre encontrados nas universidades. A SAE Brasil está engajada no esforço de minimizar o gap entre a educação de engenharia e a indústria.

(*) Mauro Andreassa é membro do Comitê de Educação de Engenharia do Congresso SAE Brasil 2012, professor associado do Instituto Mauá de Tecnologia e gerente de Assistência Técnica ao Fornecedor América do Sul da Ford Brasil.

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