(20/10/2024) – Para Alexander Blum, presidente e CEO da Blum-Novotest, multinacional alemã do setor de tecnologia de medição e testes, o mundo está vivendo um retrocesso no que diz respeito à globalização, e a tendência é de que se formem grupos de países fortemente autárquicos, privilegiando a produção dentro dos seus próprios blocos.
No entanto, para a Blum-Novotest, esta não é exatamente uma má notícia. A realocação de processos de produção para as áreas periféricas também não deixa de ser um impulsionador da automação, o que por sua vez é bom para a empresa, pois a medição em processo – uma das especialidades da Blum – é um pré-requisito para muitas aplicações de automação.
A seguir, trechos da entrevista.
Como o sr. vê a situação global atual?
Alexander Blum – Vejo que a ordem mundial liberal e globalizada está se desintegrando. As crises estão acelerando o desenvolvimento de cinco grandes blocos, em torno dos Estados Unidos, Europa, Rússia, Índia e China. Esses blocos estão se isolando cada vez mais uns dos outros e, ao mesmo tempo, tentando integrar outros países em suas esferas de influência.
Cada um desses blocos vê como necessário ter certas indústrias-chave em suas próprias mãos, incluindo aeroespacial e defesa, energia, semicondutores e medicina.
Em vez de mover processos de produção de baixo custo para o outro lado do mundo, por exemplo, para a China, cada um dos blocos vem intensificando o uso de suas próprias zonas periféricas para a produção mais sofisticada de mercadorias, na UE para países como Romênia e Bulgária, na China para o Vietnã e Tailândia, por exemplo, com estes processos sendo cada vez mais automatizados.
O que isso significa para a indústria na Alemanha?
Blum – Primeiro, significa um alívio para a escassez de pessoal no país. Não estamos mais vivenciando apenas uma escassez de pessoal altamente qualificado, mas também de pessoal que possa executar tarefas mais simples de forma confiável. A realocação de processos de produção para as áreas periféricas é um impulsionador da automação, o que por sua vez é bom para nós, porque a medição em processos é um pré-requisito para muitas aplicações de automação.
Como a Blum está se posicionando neste mundo alterado?
Blum – Estamos instalando Centros de Competência Blum-Novotest nos Estados Unidos, Índia e China. Nossa sede em Grünkraut é, naturalmente, o Centro de Competência para a Europa. Esses centros são equipados com funções e conhecimentos avançados, como instalações de reparo locais e funcionários que adaptam softwares para processos personalizados ou sistemas de controle locais.
O gerenciamento de produtos também está sendo configurado localmente, para que possamos considerar os requisitos das diferentes regiões. Isso nos permite entender melhor os mercados locais e fornecer a eles produtos e soluções adequados.
Como todo este cenário se reflete nos produtos da empresa?
Blum – Estamos constantemente passando por desenvolvimentos, e mais e mais produtos de nível básico estão sendo adicionados à gama de ponta. No entanto, eles não são inferiores, de modo algum, apenas mais simples em algumas áreas. Por exemplo, eles podem fornecer apenas a gama mais importante de funções.
O que o sr. você vê no caminho à frente?
Blum – Os mercados estão visivelmente se recuperando, embora em graus muito diferentes dependendo da região. Acredito que essa tendência continuará ao longo do segundo semestre do ano, com os Estados Unidos, China e Índia se desenvolvendo fortemente.
Vemos um grande potencial para nós nos mercados emergentes, bem como devido às crescentes exigências nos mercados de tecnologia.
Há muitas empresas que fazem bons produtos, mas ainda com pouco entendimento de otimização de processos. Com nossos produtos de hardware e software, juntamente com nossa expertise, podemos oferecer boas soluções e desenvolver processos automatizados completos. Afinal, cobrimos todas as áreas de tecnologia de medição em máquinas. É por isso que estou muito otimista sobre o futuro.