(11/08/2024) – A Sondagem Especial Manufatura Enxuta, realizada pela CNI – Confederação Nacional da Indústria – com dados de 2023 – revela que 86% das empresas do setor Indústria de Transformação já utilizam ao menos uma técnica de manufatura enxuta em uma lista de 17 possíveis técnicas, sendo que 41% já utilizam pelo menos 11 técnicas.
Segundo os pesquisadores, “o desafio atual é o de aprimorar as técnicas de manufatura enxuta com a integração das tecnologias digitais”. A pesquisa apurou que, para 90% das empresas da indústria de transformação que utilizam técnicas da manufatura enxuta, as tecnologias digitais podem contribuir com as técnicas adotadas. “Apesar disso, em 14 dos 18 tipos de tecnologias digitais assinaladas como tecnologias que contribuiriam para o uso das técnicas de manufatura enxuta adotadas, há pelo menos 40% das empresas que não as usam”.
Na avaliação dos pesquisadores, este setor industrial enfrenta na verdade um desafio duplo. De um lado, precisa adotar e melhorar as técnicas de gestão, por meio da manufatura enxuta, visando a redução de desperdícios e a melhoria contínua dos processos produtivos. E, de outro, o contexto atual da Indústria 4.0 impõe a necessidade de integração de tecnologias avançadas, como os sistemas ciberfísicos, IoT, big data e inteligência artificial aos processos produtivos.
“A convergência desses princípios marca uma evolução fundamental nos paradigmas operacionais das empresas em todo o mundo. A integração dessas duas metodologias está redefinindo o setor manufatureiro, que precisa se atualizar para ser competitivo”, destacam os autores do levantamento.
De acordo com a Sondagem, atualmente, ainda há 27% das empresas que não utilizam nenhuma ou utilizam até 3 técnicas de manufatura enxuta. Ao mesmo tempo, 9 das 17 técnicas pesquisadas foram adotadas por mais da metade das empresas.
Entre as técnicas mais adotadas, encontram-se o Trabalho Padronizado, com 78% da indústria de transformação fazendo seu uso, seguido pelo Programa 5S (69%), Gestão Visual (61%) e Manutenção Produtiva Total (58%).
A principal barreira para o uso de técnicas de manufatura enxuta foi o alto custo de consultoria e/ou de implantação, com 48% das empresas fazendo a indicação, seguido por duas barreiras relacionadas ao conhecimento: Falta de conhecimento das ferramentas e técnicas (37%) e Falta de qualificação dos trabalhadores (34%).
Em relação às tecnologias digitais, a indústria brasileira entende que a integração dessas com as técnicas de manufatura enxuta é importante. Para 90% das empresas da indústria de transformação que utilizam técnicas de manufatura enxuta, as tecnologias digitais podem contribuir para o uso das técnicas adotadas.
Entre as empresas que adotaram técnicas da manufatura enxuta, três tecnologias digitais foram as mais assinaladas como as que mais contribuem ou contribuiriam com as técnicas adotadas: “Monitoramento e controle remoto da produção com sistemas tipo ERP, MES ou SCADA”, “Sistemas integrados de engenharia” e “Automação digital com sensores para controle de processo”, com pelo menos 30% das empresas fazendo a indicação.
As empresas também responderam – para as três tecnologias digitais que mais contribuem ou contribuiriam para as técnicas de manufatura enxuta na sua visão – se faziam uso das tecnologias que foram assinaladas. Em 14 dos 18 tipos de tecnologias digitais, pelo menos 40% das empresas não usam as tecnologias digitais indicadas.
As tecnologias que aparecem com percentual maior de não uso são tecnologias mais avançadas, que envolvem inteligência artificial e são pouco utilizadas na indústria. Exemplo disso, aproximadamente 70% das empresas que indicaram “Design assistido por inteligência artificial” e “Aplicações de inteligência artificial para soluções na fábrica” como uma das três tecnologias que mais contribuem ou contribuiriam para o uso das técnicas de manufatura enxuta, não as utilizam.
Ou seja, apesar de considerá-las importantes para aprimorar as técnicas de manufatura enxuta adotadas, as empresas ainda não fazem uso das tecnologias. Em 14 dos 18 tipos de tecnologias digitais, pelo menos 40% das empresas não usam as tecnologias indicadas.
Mesmo entre as tecnologias indicadas mais utilizadas, como as que aparecem na parte inferior do gráfico, de “Automação digital com controle de processo”, “Automação digital sem sensores” ou de “Monitoramento e controle remoto da produção com sistemas tipo ERP, MES ou SCADA”, ainda há quase um terço de empresas que as indicaram, mas que não as utilizam (34%, 33% e 27%, respectivamente).
Há, portanto, amplo espaço para uma maior integração entre as técnicas de manufatura enxuta e as novas tecnologias digitais, em busca de maior produtividade das empresas.