(14/04/2024) – O país deverá contar em breve com uma tecnologia própria para a fabricação de baterias para veículos elétricos e híbridos, ou, mais especificamente, para a produção das células individuais de baterias de lítio e sódio, componente que não é hoje produzido no Brasil.
A tarefa ficará a cargo do Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), através de um novo departamento, o Centro de Manufatura de Baterias (CMB).
O CMB foi selecionado para receber R$ 9 milhões em uma chamada pública do Rota 2030, programa lançado em 2018 pelo governo federal e que se converteu no programa de Mobilidade Verde (Mover) no final de 2023.
O centro deverá funcionar já a partir do final deste ano, em local ainda a ser definido, e depois de receber as máquinas de grande porte importadas da Itália que permitirão a manufatura das células. Cada uma dessas máquinas terá uma função, por exemplo, compactação, corte, enrolamento, pintura e encapsulamento do conjunto.
De acordo com o físico Hudson Zanin, que é professor da Unicamp e coordenador geral do projeto, o CMB irá atuar como um centro multiuso, através de parcerias com empresas privadas e outros institutos de pesquisa.
“Nos primeiros anos de atuação, o CMB centrará esforços no desenvolvimento de conceitos e nas análises de viabilidade técnica e econômica”, revela Zanin. “Depois, poderá funcionar também como um local para manufatura e para testes de validação e certificação de segurança das baterias”.
Segundo ele, a ideia é que o CMB ajude a aprimorar o ecossistema para o desenvolvimento da mobilidade elétrica no país. Entre as empresas que já manifestaram possível interesse pelo CMB estão Bosch, Toyota, Volkswagen, Raízen e Merck.
Já participam do centro, desde a sua etapa inicial, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Para destacar a importância estratégica do projeto, o professor da Unicamp diz que um único carro elétrico pode ter mais de mil células individuais, cada uma entre 3 e 4 volts. Mas ele observa que as baterias do CMB poderão ser usadas também em computadores e celulares.