São Paulo, 23 de dezembro de 2024

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26/03/2011

Desindustrialização: a indústria ameaçada

(*) Glauco Côrte

(27/03/2011) – Enquanto no Brasil prossegue sonolentamente a discussão sobre a desindustrialização, em outros países, onde se verifica o declínio do setor industrial, o assunto ganha dimensões de Estado e medidas estão sendo propostas para impedir que a mesma se concretize. O Brasil ainda não ingressou na desindustrialização, encontrando-se, quando muito, na fase da estagnação industrial. Isso lembra a piada do sujeito que despencou do décimo andar e quando passava pelo quinto, alguém lhe perguntou, da sacada: tudo bem? Ao que o sujeito respondeu: até aqui, tudo muito bem.

É mais ou menos o que está acontecendo no Brasil. Por enquanto, tudo bem, mas os fatos indicam que a velocidade da desindustrialização é maior que a da industrialização. Se a queda não for interrompida, chegaremos lá. Tudo conspira contra o setor produtivo: carga tributária exorbitante, juros elevados, infraestrutura precária, legislação trabalhista ultrapassada, tudo convergindo para uma composição extremamente onerosa do custo Brasil, que desemboca em um ambiente de negócios desfavorável. Some-se a isso o câmbio e está pronta a receita para acabar com a indústria. Para que investir e produzir localmente se é mais vantajoso importar?

Segundo a Abimaq, o preço médio do quilo de um centro de usinagem exportado por fabricante brasileiro custa US$ 34, enquanto o mesmo produto importado da Alemanha custa US$ 23, e o da China apenas US$ 10. Para uma máquina de soldar sob pressão os valores do Brasil (US$ 29) são o dobro dos da Alemanha e seis vezes os da China. Dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) evidenciam que, em 2010, depois 32 anos, as exportações de produtos básicos superaram a de manufaturados. É ou não um claro sinal de desindustrialização?

Se, no Brasil, o diagnóstico ainda é incerto, os EUA buscam o renascimento industrial para reequilibrar a economia a partir da constatação de que os problemas do setor têm raízes profundas. Não deixa de ser instigante o fato de que os principais problemas dos EUA têm semelhança com a realidade brasileira: as empresas estão desacostumadas a vender no exterior; a falta de acordos que facilitem o comércio internacional; a força de trabalho insuficientemente capacitada e educada; e outros países estão investindo cada vez para substituir a produção americana.

Parece que estamos vendo o retrato do Brasil: é crescente o número de empresas que, por falta de competitividade causada pelo “Custo Brasil”, está reduzindo e até deixando o mercado internacional, para direcionar os seus produtos apenas ao mercado interno; o Brasil tem pouquíssimos acordos comerciais, o que sujeita suas exportações às barreiras comerciais onerosas; o Brasil vive o “apagão” de trabalhadores qualificados; a importação de bens de capital vem crescendo, o que é bom para a modernização da indústria, mas é péssimo para os fabricantes locais, que não conseguem competir com os custos extremamente mais baixos de seus concorrentes internacionais.

Se lá ganham relevância os estudos para a redução dos impostos para estimular os investimentos, por aqui se volta a discutir a criação de novos tributos.

Fazer de conta que o declínio da indústria não impactará negativamente a economia é esquecer que o setor representa quase um quarto da economia brasileira: um de cada quatro trabalhadores formais está empregado na indústria, que paga 27% dos salários; é responsável por quase 70% das exportações; por um terço do investimento em pesquisa e desenvolvimento.

Para avançar em relação à sua capacidade competitiva, a indústria pede pouco: isonomia competitiva, via redução do velho Custo Brasil!

(*) Glauco Côrte é o primeiro vice-presidente da Fiesc – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina -Fonte: Jornal do Comércio

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