(*) Eduardo Pocetti*
(19/12/2010) – Ao final de 2009, por volta desta mesma época, fechávamos o balanço de um período difícil, de crise, e traçávamos previsões de um 2010 melhor. Pois não só as previsões mais otimistas se confirmaram, como este ano acabou sendo memorável.
Após a retração econômica de 2009, em 2010 o PIB brasileiro deve avançar algo em torno de 7,5%, que será uma das mais altas taxas de crescimento em todo o mundo. Os investimentos produtivos estrangeiros já passaram dos US$ 31 bilhões no ano, enquanto as aplicações em renda fixa e ações com recursos externos estão nos maiores patamares históricos. Já a Petrobras realizou neste exercício a maior oferta pública de ações da história em todo o mundo para se capitalizar e estar preparada para a exploração de petróleo e gás na área do pré-sal.
As exportações vão bem, puxadas especialmente pelo setor agropecuário, que deve bater o recorde na apuração de recursos com as vendas externas. Mesmo tendo ficado um pouco mais fraco, devido ao forte crescimento das importações, o saldo da balança comercial será ainda positivo, acima dos US$ 16 bilhões. A taxa de desemprego, próxima dos 6%, está entre as mais baixas da história, e a renda média do trabalhador é, por outro lado, a mais alta já registrada. A produção e venda de veículos baterá novos recordes em 2010.
Mesmo tendo evoluído bastante nos últimos meses, especialmente em razão da alta nos preços dos alimentos, a inflação brasileira ficará pouco acima do centro da meta do governo, em torno de 5,8% no ano. A taxa de câmbio, que foi considerada uma das principais preocupações para a economia, encerrará o ano próxima do R$ 1,70 por dólar. Pode não ser o patamar ideal, especialmente quando pensamos no setor produtivo e exportador nacional. Mas, diante dos temores de descontrole sobre o câmbio devido ao intenso ingresso de dólares no Brasil, trata-se de um patamar positivo.
Também fomos às urnas este ano, em mais uma demonstração de amadurecimento de nossa jovem democracia. Pela primeira vez em nossa história, teremos uma presidenta da República, a ex-ministra Dilma Rousseff, que vai liderar nosso governo nos próximos quatro anos. Não fomos muito bem na Copa do Mundo, é verdade. Mas nos preparamos desde já para fazer bonito em 2014, quando o maior evento do futebol mundial acontece em terras brasileiras.
O cenário da economia internacional atual pode até não ser o mais animador, mas percebemos que nosso país está preparado para enfrentar intempéries e crescer por suas próprias forças. Ao final, o balanço de 2010 é extremamente positivo para nosso país e para os brasileiros. Fica a torcida para que 2011 mantenha tudo de bom que 2010 nos trouxe e amplie os benefícios para o povo brasileiro, especialmente em relação ao equilíbrio de nossa injusta e desigual distribuição de renda.
(*) Eduardo Pocetti é CEO da BDO no Brasil