São Paulo, 25 de novembro de 2024

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22/07/2006

Cai a venda de máquinas e equipamentos

Infelizmente, as previsões da indústria de máquinas e equipamentos estão se confirmando. Há cerca de um ano, a Abimaq já dizia que o cenário – fortemente influenciado pelo real valorizado e a alta taxa de juros – era de desestímulo aos investimentos.

A divulgação do balanço do primeiro semestre da indústria de máquinas e equipamentos dá números às previsões: queda de 2,6% no faturamento do setor de bens de capital (excetuando os veículos de transporte e os tratores agrícolas), atingindo R$ 26,1 bilhões, contra os R$ 26,8 bilhões apurados no primeiro semestre de 2005. Já o consumo aparente – produção nacional, descontada a exportação e acrescida a importação – caiu 0,6%, em comparação ao ano passado.

Para Newton de Mello, presidente da Abimaq, a queda do consumo de máquinas “é um claro reflexo da falta de estímulo ao investimento produtivo no País”. Para o empresário, a forte apreciação do real desestimula a produção industrial e agrícola. “Com o dólar abaixo de R$ 2,60 os produtos brasileiros, sejam industriais ou agrícolas, perdem competitividade no mercado externo e no interno. É mais barato importar os produtos finais do que produzi-los aqui”, avalia.

Números positivos só no mercado externo. As exportações de máquinas e equipamentos (também excetuando veículos de transporte e os tratores agrícolas) cresceram 9,7% no primeiro semestre, atingindo US$ 4,50 bilhões. Na opinião de Mello, as vendas externas continuam crescendo a despeito do câmbio. “Muitas indústrias de máquinas têm fortes percentuais de exportação. Abrir mão desse mercado significaria expressiva redução da escala de produção, gerando prejuízos ainda maiores que os causados pela valorização do real”. Além disso, deixar de exportar significaria perder clientes e mercados no Exterior que levaram anos para ser conquistados.

As importações cresceram mais que as exportações: 15,4% mais que as realizadas no primeiro semestre de 2005. O total foi de U$$ 4,66 bilhões, contra US$ 4,03 bilhões do período anterior. “Como o consumo de máquinas no Brasil não cresceu – na verdade, até declinou – concluí-se que houve, sim, uma certa substituição de máquinas nacionais por máquinas importadas”, analisa Mello.

As importações estão concentradas em máquinas originárias da China, que registrou 116% de aumento nas vendas de máquinas para o Brasil. Cresceu também significativamente o volume de máquinas vindas da Coréia do Sul (46%) e de Hong Kong (60%). As importações dos tradicionais países fabricantes de máquinas, caso da Alemanha e Suíça, cresceram bem menos, 5,8% e 3,0%, respectivamente.

Isso mostra que, na opinião de Mello, as máquinas brasileiras perderam espaços no mercado interno para as máquinas de baixo conteúdo tecnológico e baixo preço, principalmente chinesas. “Isso desmente a falsa tese de que a indústria brasileira esteja aproveitando a baixa cotação do dólar para investir em máquinas modernas e sofisticadas e, assim, aumentar a produtividade”, afirma.

“A apreciação cambial promove a desindustrialização, a crise agrícola, o desemprego e a estagnação econômica”, afirma Mello. “É hora, ainda que tardia, de o governo reverter esse processo, através de medidas práticas que reconduzam o câmbio para posições acima de R$ 2,60”.

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