Nos últimos cinco anos, as multinacionais do setor de autopeças que atuam no Brasil investiram para acompanhar a renovação dos modelos e atendendo à demanda das montadoras. Ainda como estímulo aos investimentos, as empresas contavam com dólar forte e incentivos fiscais para nacionalizar componentes e exportar.
A situação parece estar mudando. É o que estima o Sindipeças – Sindicato Nacional da Indústria de Autopeças. A entidade realizou pesquisa com seus associados e apurou investimentos do setor em 2006 no Brasil somarão US$ 1,3 bilhão, volume 7,1% inferior ao do ano passado. Em 2005, foram gastos US$ 1,4 bilhão, quase o dobro do ano anterior. “As empresas não vão investir mais do que necessitam, até porque passamos um período muito grande trabalhando com capacidade ociosa”, diz Paulo Butori, presidente do Sindipeças.
Em matéria publicada pelo Diário do Grande ABC, Paulo Butori afirma que o câmbio desfavorável já fez o Brasil perder investimentos da ordem de US$ 12 bilhões desde 2003. Para ele, a perda da competitividade causada pelo câmbio fraco contribui para que as montadoras dêem preferência para investir em outros países. A demora para aprovar as reformas trabalhista, previdenciária e política também afugentou investidores.
“Já entregamos ao governo várias propostas na área de câmbio, tributos, além de um plano para estimular o aquecimento do mercado interno, agora temos que esperar”, disse. Segundo o jornal, Butori citou a Volkswagen, que decidiu não atualizar a plataforma brasileira de produção do Golf e cancelou a fabricação do modelo 3K no País. Em seguida, Fiat e DaimlerChrysler lançaram no exterior o Punto 199 e o Smart, que não terão linhas no Brasil. A GM também lançou modelos no exterior, sem planos dfabricá-los aqui, casos do Corsa X4400, GMT355 (que substituiria a S-10), além do Vectra e Astra europeus. “Cada modelo desses exigiria, por baixo, investimentos de R$ 600 milhões por parte das montadoras e outros R$ 600 milhões do setor de autopeças.”
DESNACIONALIZAÇÃO – Outro dado levantado pela entidade é que, em 2005, 87,7% do faturamento do setor de autopeças foram obtidos por empresas de capital estrangeiro. Quando esse tipo de levantamento começou a ser feito, em 1994, as empresas nacionais detinham a liderança no faturamento: 52,4% das vendas eram de empresas de capital nacional contra 47,6% de companhias de capital estrangeiro.