São Paulo, 24 de novembro de 2024

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29/05/2021

Infraestrutura movimenta setor de máquinas rodoviárias


(30/05/2021) – Os 130 leilões na área de infraestrutura previstos para 2021 pelo Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do governo federal, deverão multiplicar a produção de máquinas rodoviárias no Brasil nos próximos anos.

É esta a expectativa de Alexandre Bernardes, presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias (CSMR) da Abimaq, expressa no evento on-line promovido no último dia 20 pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), que reuniu executivos e dirigentes empresariais para debater os desafios do setor.

Para Bernardes, o governo parece ter finalmente despertado para a necessidade de o país pelo menos começar a reduzir os déficits que mantém em todas as áreas da infraestrutura, que ele vê como parcialmente responsáveis pelo modesto crescimento da economia brasileira nas últimas décadas.

“Basta compararmos o Brasil com a Argentina, um país de economia bem mais fraca do que a nossa. Só 12% da nossa malha rodoviária é pavimentada. Na Argentina, são 29%”, disse Bernardes. “Temos só um pouco mais de 29 mil km de ferrovias, quando a Argentina, que tem um quarto de nosso tamanho, tem 36 mil”.

Os números ruins do Brasil, segundo Bernardes, chegam ao ápice no setor de saneamento básico, no qual 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água encanada e 80 milhões a rede de esgotos: “Até quando vamos conviver com isso?”. 


O executivo da Abimaq elogiou a boa distribuição dos leilões pelas diversas áreas da infraestrutura, na medida em que contemplam desde concessões de aeroportos – um pacote de 24 projetos – até terminais portuários (19), ferrovias (3) e grandes instalações de energia elétrica (5), algumas das quais já tiradas do papel.

Elogiou também a recente redefinição dos marcos regulatórios nos setores de energia e saneamento, que a seu ver atrairão igualmente novos investimentos, embora acredite que falte algum “burilamento” para a modelagem dos negócios.

“É, de qualquer forma, uma grande oportunidade que está se abrindo não só para a nossa indústria, mas para a economia em geral”, disse. “Afinal, com um investimento de R$ 30 bilhões em apenas 10 obras prioritárias em rodovias, ferrovias e hidrovias, a competitividade do agro, por exemplo, aumentaria 35%”.

MERCADO – Bernardes observou ainda que o mercado para máquinas rodoviárias vem melhorando aos poucos, depois da estagnação gerada pela pandemia do coronavírus no ano passado. Se houve então um crescimento de apenas 6% na produção diante de 2019, o crescimento no primeiro quadrimestre deste ano foi 50% superior ao do mesmo período de 2020.

As exportações também estão em alta, tendo de janeiro a abril crescido 30%. O segmento de máquinas rodoviárias é o principal exportador dentre os vários tipos de indústrias de bens de capital alojadas dentro da Abimaq.

Ele ressaltou, todavia, ociosidade do setor que representa continua alta, cerca de dois terços da capacidade instalada de 60 mil máquinas. Em 2020, foram comercializadas 22.415 unidades, 25% das quais para o agro.

Dentre os principais obstáculos que vem dificultando a plena recuperação do setor, Bernardes citou a instabilidade cambial, que continua afetando o custo de produção no país, e a ruptura da logística da cadeia produtiva global durante a pandemia, em decorrência das restrições e dos lockdowns.

“A escassez de insumos decorrente do rompimento das cadeias logísticas está prejudicando o nosso abastecimento de aço, resinas, náilon e ferro-gusa, por exemplo, prejudicando especialmente a produção de componentes como pneus, bombas, tubos e metálicos”, pontuou. “Mas toda a indústria, de modo geral, está lidando com essas questões, que causam distorções e incremento nos custos”.

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