(30/09/2018) – Após quatro anos consecutivos de retração, a indústria brasileira de moldes e matrizes espera, enfim, crescer em 2019, afirma Christian Dihlmann, presidente da Abinfer – Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais, em entrevista ao site usinagem-Brasil.
De acordo com Dihlmann, o próximo ano deve ser positivo para o setor, pois existem vários projetos de montadoras – que respondem por cerca de 70% da demanda por moldes no País – previstos para ter início em 2019. “De uma coisa eu tenho certeza, vão entrar projetos novos no próximo ano”, acrescenta.
Só a Fiat tem 15 projetos novos de veículos para entrar em produção em cinco anos, ou seja, três por ano. “É um volume respeitável. E estamos falando de apenas uma montadora. Todas as demais têm novos projetos”.
Mas aí vem outra questão: esses moldes serão feitos no Brasil? Com o fim do Inovar Auto e o Rota 2030 ainda em fase de regulamentação, as montadoras podem importar todos os moldes, mas Dihlmann acredita que uma parte será feita no Brasil. “Estamos articulando, através da Abinfer, com o governo federal e governos estaduais para que pelo menos uma parte fique no Brasil. Estamos trabalhando num projeto de ICMS no Estado de São Paulo e já temos um decreto publicado em Minas Gerais de aproveitamento dos creditos retidos do ICMS das montadoras”, informa.
Capacidade Produtiva – O dirigente empresarial lembra, porém, que se todas as montadoras decidissem hoje comprar moldes no Brasil a indústria local não teria capacidade para atender. “Creio que só teríamos capacidade para atender 30% da demanda”, diz, explicando que nos últimos seis anos o setor encolheu em média de 4 a 5% por ano, com o fechamento de empresas. “Joinville, que já chegou a ter 450 ferramentarias, hoje não tem mais do que 350”.
A indústria brasileira de moldes que chegou a ser exportadora no final do século, atualmente responde por apenas 50% da demanda nacional. “Com exceção de algumas ilhas de excelência, com empresas muito bem equipadas, a maioria das empresas são de pequeno porte, pouco produtivas e muitas delas endividadas”, avalia Dihlmann. “Nos últimos anos caiu o número de ferramentarias, caiu o número de horas disponíveis e também a qualidade e a produtividade, pois a maioria das empresas não tem capacidade para investir na modernização do parque fabril, em novos equipamentos”.
De acordo com Dihlmann, o setor de moldes e matrizes é hoje composto por cerca de 2 mil ferramentarias (existem ainda cerca de 3.500 ferramentarias cativas). A maior parte delas – cerca de 1 mil – estão localizadas no Estado de São Paulo. Santa Catarina conta com outras 400 e Rio Grande do Sul com mais 350. As demais estão instaladas no Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará. O maior adensamento por município está em Joinville, com suas 350 ferramentarias.