(*) Alfredo Ferrari
(29/01/2017) – Muito se tem lido sobre a informatização da produção, a manufatura avançada, a Indústria 4.0 e a Internet das Coisas, que sem dúvida alguma é o caminho irreversível para que a maioria das indústrias de manufatura no país aumente a sua produtividade e a sua rentabilidade, tornando-se cada vez mais competitiva, tanto no mercado doméstico, como na exportação.
Todavia, mirando as indústrias brasileiras como um todo, observa-se que hoje são poucas as empresas preparadas para se desenvolverem num ambiente de manufatura de alto nível, quer seja por competência técnica ou por capacidade financeira.
A forte queda nos investimentos industriais, que vem ocorrendo há quase duas décadas em face da crise política e econômica, provocou uma situação complicadíssima na indústria de bens de capital, em particular, na de máquinas-ferramenta e sistemas integrados de manufatura. Historicamente, este segmento da economia é aquele que é o primeiro a entrar na crise e o último a sair dela. Como há um elevado índice de capacidade ociosa, os investimentos em novos equipamentos ficam seriamente prejudicados.
A indústria brasileira de bens de capital possui uma base muito sólida, fruto de tradição e experiência construída há mais de um século. Parece ter chegado ao fim o ciclo de águas turbulentas e iniciado um novo período de bonança. Chegou a hora de virar a mesa e iniciar a reconstrução e fortalecimento das empresas de bens manufaturados e de bens de capital.
Tudo começa com o retorno da confiança no país para que haja a retomada da economia. Mas, quais seriam aos ingredientes para retomar o crescimento dos investimentos?
. No campo político, deve ocorrer a aprovação dos planos dos gastos públicos e da previdência social.
. No âmbito econômico, ter um câmbio industrializante, orbitando de imediato num patamar de R$3,60 a R$3,80 em relação ao dólar norte-americano.
. Na área comercial, desenvolver produtos e soluções inovadoras e promover exportações, aumentando as receitas das empresas.
. Nas finanças, lançar linhas de crédito bancário com taxas de juros em condições isonômicas àquelas oferecidas nos países altamente industrializados.
. Por parte do Governo Federal, implantar, o mais rápido possível, um projeto para modernizar o parque de máquinas do país, que está próximo da idade média de 20 anos, nos moldes do Plano Modermaq, idealizado pela Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos. Este plano, que está na mira do governo, prevê a substituição de máquinas usadas, muitas delas já sucateadas, por equipamentos novos de moderna tecnologia.
. Preparar uma nova geração de mão de obra técnica voltada para a aplicação de máquinas e equipamentos de última geração no conceito da manufatura avançada.
Será de fundamental importância aos empresários participar da Expomafe, que ocorrerá de 9 a 13 de maio de 2017, no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, onde estarão sendo apresentadas as mais modernas tecnologias voltadas para a indústria de manufatura e numa hora propícia em que os vetores econômicos estarão apontando o caminho do crescimento do consumo e da indústria.
O país vivencia um momento decisivo, com a possibilidade de materializar um novo quadro, visando crescer a economia, incrementar o consumo doméstico e estimular os investimentos na produção e a criação de novos empregos. Os recentes acontecimentos demonstram que a aceleração será lenta inicialmente, devendo aumentar a partir de meados deste ano, preparando o país para um crescimento robusto em 2018. Baseando-se nessas premissas, a indústria brasileira aponta voltar a tornar-se eficiente, produtiva e competitiva com os mais avançados países industrializados.
___________________
(*) Alfredo Ferrari é engenheiro mecânico, vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura e vice-coordenador da Expomafe. Esta matéria foi elaborada para o Canal de Conteúdo “A Voz da Indústria” da Informa Exhibitions – avozdaindustria.com.br.