(27/10/2013) – Um carro que dispensa o motorista foi levado às ruas de São Carlos por pesquisadores da USP, na última terça-feira (22), para a realização de testes. Interessados em dar uma voltinha no CaRINA – de repórteres a transeuntes – puderam experimentar a sensação de serem conduzidos pelo veículo capaz de identificar obstáculos num raio de 360⁰, desde veículos a cruzamentos e semáforos fechados.
O trajeto de dois quilômetros por avenidas da cidade foi predefinido em GPS. O comando do veículo é feito por dois computadores: um, instalado no banco do carona, que recebe as informações captadas pela câmera acoplada na capota do carro, e outro, que controla todo o sistema, localizado no porta-malas. Montado sobre um Fiat Palio Adventure, o CaRINA II, sigla para Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma, atinge até 40 km/h.
"No Brasil há inúmeros estudos com carros autônomos, mas somos os únicos que estamos testando em ruas da cidade", diz o coordenador do projeto Denis Wolf. Ele conta que as reações diante do carro foram diversas: muitos estavam impressionados com a tecnologia, enquanto outros tiveram receio de serem guiados por um carro sem motorista.
Após o teste, a equipe de 25 pesquisadores levou muitas anotações para o LMR – Laboratório de Robótica Móvel, ligado ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP). É preciso aperfeiçoar os sensores laser capazes de detectar obstáculos. “Muitas coisas as pessoas não conseguem perceber, mas precisamos tornar a freada e a aceleração mais suaves, ter mais segurança nas faixas e no reconhecimento de pedestres”, avalia o coordenador do projeto.
O pesquisador prefere não arriscar um prazo definitivo para a entrada do sistema no mercado, mas acredita que a tecnologia em carros autônomos estará madura em cinco anos. Porém, para chegar ao mercado, ainda dependerá de mudanças na legislação para regulamentar o uso desses veículos. "O teste é importante para dar visibilidade para a área e começar uma discussão em torno do uso de carros autônomos", comenta.
Wolf conta que o sistema está sendo testado em outras aplicações, como em máquinas agrícolas, setor com o qual o LMR possui parceria com empresas e desenvolve projetos conjuntos. O projeto CaRINA II tem financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo) e do CNPq (Centro Nacional de Pesquisas).
O coordenador do projeto explica que o desenvolvimento de sistemas para tal aplicação não é algo novo e vem sendo estudado desde a década de 80 na Alemanha e nos Estados Unidos. Entre os mais avançados, Wolf cita o sistema do Google por conter sensores mais desenvolvidos.
O principal argumento para a construção desses carros está na segurança. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que 1,2 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito todos os anos, a maioria por conta de falha humana. (Juliana Passos)