(16/03/2025) – A indústria brasileira de veículos repetiu no mês passado o bom desempenho obtido em janeiro. As 217,4 mil unidades que deixaram as linhas de montagem em fevereiro representaram a maior produção para o mês desde 2019.
Com isso, a produção acumulada do primeiro bimestre chegou a 392,9 mil unidades, alta de 14,8% sobre o mesmo período de 2024, de acordo com os dados divulgados pela Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Trata-se do melhor resultado para os dois primeiros meses do ano desde 2021.
De acordo com a entidade, boa parte dessa alta na produção pode ser creditada à consistente recuperação dos volumes de exportações neste início de ano, intensificando tendência verificada desde a metade do ano passado. O bom desempenho dos embarques está associado ao crescimento de 172% nos envios de veículos para a Argentina no primeiro bimestre. Ao todo, 76,7 mil unidades saíram do Brasil neste ano, 55% a mais que nos dois primeiros meses de 2024, sendo 62% desse montante para o país vizinho.
Mercado Interno – No mercado doméstico, as vendas no primeiro bimestre foram as maiores desde 2020, somando 356,2 mil unidades. Em fevereiro, a média diária de 9.248 emplacamentos subiu 19% em relação a janeiro, com destaque para as vendas diretas, que cresceram 39%, bem acima do varejo.
“Dentro desse volume de emplacamentos, há de se destacar em forma de alerta a elevação contínua da participação de importados, que neste ano está acima de 21%. Desde 2012 não havia uma presença tão grande de modelos estrangeiros nas vendas, e boa parte dessa elevação se deve a veículos de fora do Mercosul, em especial os eletrificados chineses”, afirmou o presidente Márcio de Lima Leite, reiterando a necessidade da aplicação imediata do Imposto de Importação de 35% para todos, independentemente de origem ou motorização.
Veículos pesados em alta – O segmento de ônibus foi um dos que mais cresceu no primeiro bimestre, com 3,7 mil unidades emplacadas e 4,3 mil produzidas, elevação de 50% e 11% sobre o mesmo período do ano passado, respectivamente. Os motivos para essa aceleração são as entregas dentro do programa Caminho da Escola e o reaquecimento do transporte municipal.
Ainda sob efeito das encomendas feitas durante a Fenatran, em novembro, o segmento de caminhões cresceu 11%, tanto em vendas como em produção. No entanto, a elevação da taxa de juros gera grande preocupação para as fabricantes, que já notam uma menor procura nas concessionárias, e isso pode se refletir nos números dos próximos meses. Como frisou o presidente da entidade, “ao contrário dos segmentos de veículos leves, caminhões dependem essencialmente de financiamento para a concretização de vendas”.