(*) Antonio Borges
(24/11/2024) – Tenho por hábito acompanhar as redes sociais em busca de informações de empresas ou pessoas que possam se transformar em matérias jornalísticas para o site. Há algum tempo vinha notando posts de ferramenteiros brasileiros trabalhando em projetos no exterior. Um comemorando o encerramento de um try-out na Hungria, outro chegando a Eslováquia para dar início a um projeto…
Já havia percebido que todos trabalhavam para a mesma empresa: T.S. Tool-Solutions. Decidi buscar mais informações e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que a empresa também era brasileira, de São José dos Campos (SP).
A companhia foi criada por Wellington Souza, engenheiro de processos e ferramenteiro formado pelo Senai, com experiência de mais de duas décadas, tendo trabalhado em empresas como Maxion, Embraer, Ford e Tiberina. Hoje CEO da T.S. Tool, Souza conta que atuou por um longo período na indústria automotiva em cargos como supervisor de ferramentaria e gerente de produção, em geral envolvido com projetos de desenvolvimento e lançamentos de veículos.
GAP – Ao longo dessa trajetória, Souza diz ter notado um gap no desenvolvimento desses projetos na área de estamparia, em especial quando da necessidade de terceirização. “As montadoras não podem dispor de 5, 10 funcionários para acompanhar por dois meses a produção de um molde de estamparia na China, por exemplo”, explica Souza.
Faltava, portanto, uma interface externa para acompanhar os projetos, atuando na localização de fornecedores com capacidade de máquina, no follow up da produção, na validação das primeiras peças etc.
“Daí nasceu a T.S. Tool, para fazer esta interface”, diz o CEO. A princípio com um único funcionário, ele mesmo. Com o aumento da demanda, foi necessário criar uma empresa e contratar funcionários. “Fundei a empresa em 2017 e os primeiros projetos já foram no exterior. O primeiro na China e o segundo na Alemanha”, acrescenta.
Nesses sete anos de atividades, a T.S. Tool formou um portfólio de 37 clientes, a grande maioria na Europa e na Ásia. Já em volume de projetos, se considerada a quantidade de part numbers, o número é bem maior, entre 500 e 600.
Ferramenteiros Brasileiros – Hoje, conforme o número e o tamanho dos projetos, a T.S. Tool conta com até 36 ferramenteiros para trabalhar em seus projetos. A grande maioria deles formada por brasileiros, mas conta também com dois chineses, dois indianos e um sul-africano.
Souza diz ter certa preferência por contratar brasileiros: “O Brasil tem um grande know how em ferramentaria, com vários profissionais experientes e muito capazes. E os ferramenteiros brasileiros têm uma característica que eu valorizo muito que é a capacidade de pensar ‘fora da caixa’ para encontrar soluções para os problemas surgidos ao longo do processo. Às vezes, se não pensar fora da caixa não vai encontrar uma solução”, afirma.
Um dos maiores projetos realizados pela T.S. Tool teve início em 2021 e foi concluído em 2023 para uma multinacional com fábrica na Argentina. O projeto envolveu fornecedores de sete países: Argentina, Brasil, Estados Unidos, China, Tailândia, Austrália e África do Sul. A empresa se responsabilizou pela produção de praticamente toda a estamparia de uma picape, laterais, portas, capô etc., com exceção do teto.
Perspectivas – Souza explica que com o passar dos anos a T.S. Tool foi se especializando cada vez mais e hoje tem capacidade para gerenciar todas as fases do projeto: ferramentaria, engenharia, gerenciamento de projeto e qualidade (controle dimensional). “Recebemos da montadora o quebra-cabeças do projeto e nos responsabilizamos por todo o processo – qualidade, produtividade, montabilidade, repetibilidade, incluindo a validação de todas as ferramentas, até o ajuste fino com o try-out”. explica.
De acordo com o CEO, a T.S. Tool irá registrar crescimento em 2024 em relação ao ano anterior, a exemplo do que tem ocorrido desde a sua fundação. E se diz otimista com as perspectivas para o próximo ano. “Já temos alguns projetos com início previsto para 2025 na Europa. No Brasil – onde nosso último trabalho foi há dois anos – também temos expectativas de novos trabalhos. O cenário é bom”, afirma.
O executivo conta ainda que nesse momento a T.S. Tool, além de estar trabalhando forte na fixação e divulgação da marca, está envolvida com outras metas, como a abertura de um escritório na China, que se somaria ao que a empresa já mantém em Portugal – para onde, aliás, Souza se transferiu há alguns anos. Ao mesmo tempo, pretende abrir o leque de atuação da companhia com a entrada nos segmentos de Indústria 4.0 e IC (Instalação e Comissionamento) de linhas de bateria.
(*) Antonio Borges é editor do Usinagem-Brasil