(02/10/2024) – Pelo visto, as fabricantes globais de automóveis resolveram esperar um pouco mais antes de mergulhar de corpo inteiro na onda dos carros elétricos.
De fato, um número crescente de montadoras vem anunciando planos de desacelerar a aposentadoria dos motores a combustão nos próximos anos.
Maior montadora do mundo, a japonesa Toyota puxou a fila em agosto, ao declarar que vai priorizar veículos híbridos, que combinam propulsão elétrica e a combustão.
Outros fabricantes começaram também a divulgar projetos parecidos. A sueca Volvo, que havia se comprometido a só ter modelos elétricos até 2030, anunciou que a meta foi abandonada e oferecerá veículos híbridos depois desse prazo.
A americana Ford também tinha planos de abandonar os motores tradicionais nos próximos seis anos, mas renunciou à ideia. A montadora reduziu o investimento em veículos elétricos para 30% do orçamento anual, diante dos 40% com que havia se comprometido.
A GM é outra companhia americana que decidiu voltar a vender veículos híbridos, ainda que continue a reafirmar o compromisso com a eletrificação total das linhas no longo prazo.
A francesa Renault decidiu igualmente investir nos híbridos. A fabricante vai produzir no Brasil versões híbridas com tecnologia flex. A montadora prevê vender um híbrido ou elétrico a cada três veículos da marca no mundo em 2027. Em 2020, a empresa avaliava essa participação em 50%.
O recuo também chegou à indústria automotiva alemã, com a Porsche e a Mercedes-Benz adiando as suas metas de eletrificação total, e ao grupo supranacional Stellantis, que controla as marcas Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM. O grupo enxerga nos híbridos flex uma escolha mais adequada ao mercado brasileiro e de outros países do hemisfério sul, como a Índia.
Uma das razões do fenômeno é o rebaixamento das expectativas sobre a evolução da demanda por veículos elétricos. Estima-se que os carros elétricos vão representar apenas 11% das vendas de veículos na Europa em 2030, enquanto os híbridos terão 19% do mercado.
Também faltariam modelos “populares”, ou seja, acessíveis à maior parte dos consumidores. Outras questões se relacionam à lenta implantação de infraestrutura de carregamento.