São Paulo, 15 de janeiro de 2025

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08/04/2023

Mercedes-Benz corta um turno de trabalho no ABC

(09/04/2023) – A Mercedes-Benz divulgou boletim aos funcionários, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, informando sobre a necessidade de redução do programa de produção. Segundo a montadora, as altas taxas de juros são um dos motivos para a queda na demanda de caminhões.

O plano da montadora, de acordo com o sindicato, envolve férias coletivas parciais, semanas curtas de trabalho e a necessidade de adoção de turno único de trabalho na Fábrica de Caminhões por um período de dois ou três meses. As medidas afetam diretamente os 2 mil funcionários do segundo turno.

“A empresa está em tratativa com o sindicato visando adoção de turno único de trabalho na produção de caminhões por um período de dois a três meses a partir de maio”, afirmou a Mercedes-Benz, em notícia publicada no portal Terra. “Todas essas alternativas estão sendo negociadas previamente com total transparência com o sindicato com o objetivo de buscar formas de gerenciar a queda na demanda, mantendo nível de emprego”.

Para o vice-presidente do Sindicato, Carlos Caramelo, as dificuldades enfrentadas pelo setor automotivo são reflexos da ausência de uma política industrial nacional e que é preciso cobrar também os governos estaduais e municipais.

“Temos sentido reflexos da ausência de políticas específicas para o setor nos últimos anos. Precisamos de políticas públicas que diminuam o impacto ou que gerem, além de uma cobertura social, trabalho e renda. Tudo isso passa por incentivos à economia, com crédito, linhas de financiamento específicas e, em contrapartida, a garantia de emprego”, afirmou.

“A situação foi agravada ainda mais pela falta de peças, pela antecipação das vendas em 2022 com o Euro 6, que é o conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel e, principalmente, em função da redução na produção de caminhões por falta de financiamentos, da queda no consumo e das altas nas taxas de juros em nosso país”, destacou.

Em nota, o sindicato lembra ainda que a projeção da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para a produção de pesados em 2023 caiu para 154 mil unidades, 20,4% menor que em 2022, quando foram produzidos 194 mil veículos.

TAXA DE JUROS – Na avaliação do dirigente sindical, a manutenção da taxa de juros em 13,75% pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, mantém também os financiamentos em níveis muito elevados, o crédito mais difícil e, com isso, os investimentos no país ficam travados.

“É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES e baixar a taxa de juros, que é a segunda maior do mundo, para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças”, afirmou o diretor executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva.

De acordo com a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), a taxa de juros no mercado para aquisição de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro de 2022.

Em caminhões e ônibus, houve a redução da participação do BNDES Finame e aumento dos financiamentos de mercado. Em 2016, o Finame era responsável por 62% entre as modalidades de pagamento. No 3º trimestre de 2022, 28%. Já os financiamentos saíram de 17%, em 2016, para 40% no período, segundo dados da Anef, com elaboração da Subseção do Dieese dos Metalúrgicos do ABC.

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