(16/10/2022) – Com um litoral com 7.491 quilômetros de extensão e bons ventos, o Brasil tem enorme potencial para a produção de energia eólica offshore (com torres em alto mar). Embora bastante utilizado no Exterior, por aqui esse potencial é praticamente inexplorado, em especial pelo alto custo das instalações, mas também pela falta de legislação ambiental (regulamentação que, espera-se, saia no início de 2023).
O crescente interesse mundial pelo hidrogênio verde – que para fazer jus a esse nome precisa necessariamente ser produzido com o emprego de energia limpa e renovável -, deve alavancar o surgimento de muitos projetos eólicos offshore no Brasil, superando a principal barreira atual que é o custo dos projetos. É o que acreditam muitos especialistas.
E como também provam o número de projetos em estudo no Brasil. Estima-se que existam em estudo projetos offshore suficientes para produzir 169 GW – volume que equivale a praticamente toda a capacidade instalada de produção de energia no País hoje. Para se ter uma ideia do que isto representa em termos de investimento, para cada GW produzido são necessários cerca de US$ 2 bilhões.
Não à toa a própria Abeeólica, a entidade que reúne os produtores de energia eólica e fabricantes de equipamentos para esse setor, alterou sua denominação para abrigar a área de hidrogênio. Comunicado da entidade, de abril passado, informa o novo nome: “Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias”. Na ocasião, a entidade justificou que assim está “oficializando, em sua marca, sua atuação para o desenvolvimento da eólica offshore no Brasil, assim como o interesse das suas associadas em hidrogênio verde”.
Nos últimos anos, várias grandes empresas globais de energia eólica offshore se associaram à Abeeólica. Entre elas: Equinor, Ørsted, Ocean Winds, Total Energies, Qair, COP/CIP e Subsea7, além de gigantes do setor de energia que estão investindo em transição energética para fontes renováveis, como é o caso da Shell.
PROJETOS EM ESTUDO – Um dos estados que mais devem se beneficiar desses investimentos é o Ceará – que aliás já responde por boa parte da energia eólica produzida no País hoje. Levantamento do jornal Diário do Nordeste encontrou 11 projetos em estudo no Estado, um deles da Energo, batizado de Complexo Eólico Marinho Dragão do Mar, em Acaraú, no litoral oeste cearense, que prevê investimentos de R$ 18 bilhões para a produção de 4GW.
Os outros 10 são o Projeto Pecém, da Shell Brasil, de 3 GW; os projetos Colibri e Ibitucatu, ambos da Equinor, cada um deles de 2 GW; o Sopros do Ceará, da Total Energies, de 3 GW; o Jangada, da Neoenergia, de 3 GW; o Caucaia, da BI Energia, de 576 MW; o Camocim, da Camocim Eirelli, de 1,2 GW; o Alpha, da Alpha Wind Morro Branco, de 6 GW; o Costa Nordeste, da Geradora Eólica Brigadeiro, de 3,8 GW; o Asa Branca I, da Eólica Brasil, de 1 GW.
De acordo com o levantamento do jornal, o Ceará abriga 20% dos projetos offshore do País, com 26 GW previstos. “Esperamos que no médio/longo prazo grande parte desses projetos se concretize”, disse ao jornal Joaquim Rolim, coordenador do Núcleo de Energia da Fiec – Federação das Indústrias do Ceará. “Normalmente, a quantidade de empregos criados nos projetos eólicos offshore é entre 10 e 15 mil empregos por GW. Se considerarmos apenas 10% dos projetos, teríamos mais de 25.000 empregos criados”.