(*) Paulo Godoy
(06/02/2011) – Mesmo com a desaceleração da produção no último trimestre de 2010, a indústria fechou o ano passado com crescimento de 10,5% em relação ao ano anterior. Nesse conjunto, a indústria de bens de capital registrou aumento de 20,8% na produção em 2010, um patamar elevado, mas que precisa considerar a base depreciada de comparação, que absorveu impactos causados pela restrição de crédito e pela queda brusca da atividade econômica em 2009.
Particularmente, a indústria de bens de capital sob encomenda – máquinas e equipamentos não-seriados, destinados principalmente para obras de infraestrutura e de indústrias de base – registrou uma queda de 0,5% na atividade econômica em 2010, em relação ao ano anterior.
Paralelamente, a balança comercial do setor de máquinas e equipamentos seriados registrou novamente um resultado negativo, no qual as importações superaram as exportações em US$ 1,5 bilhão, valor idêntico ao computado em 2009. Mesmo que as exportações de tais itens tenham crescido 47% em 2010, as importações subiram 30%, atingindo US$ 5,6 bilhões.
Se de um lado a aceleração dos investimentos criou perspectivas de crescimento das encomendas para a indústria de máquinas e equipamentos sob encomenda, as importações continuam, pelo terceiro ano consecutivo, a superar as vendas ao exterior, fruto de fatores que resultam em uma perda sistêmica de competitividade da indústria nacional, como elevado custo financeiro, trabalhista e tributário, deficiências no sistema de logística e câmbio apreciado e desequilibrado.
Para 2011, a indústria espera que medidas já anunciadas no primeiro semestre de 2010 para melhorar as condições de competitividade para a indústria de máquinas e equipamentos sejam efetivas, o que permitiria fortalecer a capacidade dos fabricantes instalados no Brasil concorrer com outros países.
(*) Paulo Godoy é presidente da Abdib