(*) Thomas Lee
(13/09/2009) – Um ano após o início da crise financeira que assombrou o planeta, o Brasil mostra a sua face ao mundo como um país vencedor. Somos, definitivamente, um país com futuro. Não mais uma nação de vasto território e população carente, à espera de um futuro que nunca chegava. Graças à crise, que nos permitiu demonstrar a solidez do nosso sistema financeiro e a assertividade das intervenções federais para a manutenção da atividade econômica, podemos hoje nos sentar à mesa das grandes decisões internacionais com a cabeça erguida. Somos interlocutores respeitados, verdadeiros players da economia mundial. O mundo está de olho no Brasil e esta exposição devemos à crise.
Somos um país com grandes recursos naturais e mercado interno com potencial de crescimento invejável. Nossa parceira no BRIC, a China, é dependente de matérias-primas e sofre com graves problemas de poluição ambiental, além de ter um sistema jurídico que não inspira confiança aos investidores internacionais. O Brasil, ao contrário, tem matérias-primas suficientes para não depender de importações e uma estrutura político-econômica sólida, além de um sistema financeiro cujas regulações se mostraram à prova de crises. O investidor confia na legislação brasileira e sabe que, se necessário, pode apelar. E ainda temos o pré-sal, com o seu imenso potencial de geração de riqueza, por desbravar.
O que precisamos agora, para alcançar o nível das grandes potências, é investir em infraestrutura e educação. E, para isso, precisamos crescer o PIB. Acredito que vamos ter um aumento pequeno do PIB este ano, mas positivo, e vamos fechar 2010 com aumento de 4,5% na riqueza nacional. O grande salto será em 2011, porque vamos receber muito investimento estrangeiro, por conta dos muitos projetos que já existem para o país.
Para os importadores de máquinas-ferramenta, o horizonte de dois anos não poderia ser melhor. Sem dúvida, fomos um dos segmentos mais duramente atingidos pela crise, porque fazemos parte de uma cadeia produtiva que só funciona em ciclos de expansão. Nossa indústria está fortemente direcionada para atender o setor automotivo, que responde por 23% do PIB brasileiro. É muita dependência de um só setor e isto precisa ser revisto por uma nova Política Industrial.
Desse modo, sofremos muito com a retração das montadoras e os pátios lotados de automóveis. Tivemos um primeiro semestre sofrível e devemos encerrar o ano com queda de 50% no volume de negócios – algo em torno de US$ 1 bilhão. Mas projetamos um crescimento sustentado para o setor em 2010, próximo de 30%, ultrapassando o resultado de 2008 em dois ou três anos.
Parece muito tempo para um setor retornar ao patamar pré-crise, mas o fato é que o mundo vivia um exagero de otimismo em 2008: todos queríamos correr, em vez de andar. Um ano depois, o cenário que a crise nos oferece ainda não é róseo, mas sem dúvida já saímos do buraco. E podemos sentir na face a brisa reconfortante dos bons ventos.
(*) Thomas Lee é presidente da Abimei – Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais