Joseval, da MWM
(2004) -Só quem teve a grata felicidade e sorte de estudar numa instituição como o SENAI vai saber exatamente o que estou dizendo. Não sei se hoje em dia a molecada continua tão maluca quanto há 15 anos, mas eu empresto o refrão do Roberto Carlos, “Velhos tempos, belos dias”. E tirando a nostalgia e a modéstia, acho impossível a petizada de hoje se divertir como nós nos divertíamos naquela época.
Entrei no antigo CAI – Curso de Aprendizagem Industrial – em 1987, aos 14 anos, fazendo o curso de torneiro mecânico, na época, uns dos cargos com salário mais altos da produção, por insistência de meu saudoso pai (Eu gostava mesmo era de eletrônica). E para quem não conhece este ambiente, normalmente o pessoal mais velho na escola costuma “judiar” um pouco dos novatos que chegam, seja pedindo para pagar um refrigerante na cantina, cortando a fila do almoço ou até roubando a marmita dos novatos.
Eu nunca sofri esses infortúnios, principalmente por ter tido a sorte de ser parecido com uma professora de desenho mecânico, a Rose, já falecida, da unidade 1.12 de Santo Amaro. Um aluno da especialização chegou para mim e perguntou: “Ô meu, cê é filho da Rose ?”. Pensei comigo: confirmar é um bom jeito desses caras pararem de encher o saco e ainda ganho uma moral na escola. Peguei e falei: “Sou, sim e daí ?”. Passei um ano tranqüilo até que descobriram a verdade.
No 2° termo, nós tinhamos a divisão de oficina, que era dado pelo prefixo da turma. Quem era turma T, fazia oficina de manhã, e quem era turma M, fazia oficina de tarde. Um dia, um rapaz da minha turma, cujo apelido era “Normal”, um alemão de uns 2 metros de altura que anos depois fiquei sabendo que fresou a mesa de uma fresa CNC e acabou sendo demitido por isso, arrumou briga com uma cara da turma M (que tinha um aluno de apelido “Cabo Bruno”, pois o cara era o maior assassino de peças do SENAI. O cara chegou ao cúmulo de usinar um tampão PNP para fazê-lo entrar no cilindro da serra tico-tico) que fazia oficina de tarde, por causa do ping-pong na hora do almoço.
Na saída, foi tudo mundo brigar atrás da antiga INA Rolamentos. De repente, enquanto a porrada comia solta, aparecem o Sr. Ioji e Sr. Francisco, assistente de direção e assistente social respectivamente, pegando o crachá de todo mundo. Conclusão: um mês de suspensão das atividades do CCE na hora do almoço e uma bela chanfrada das empresas das quais éramos contratados.
Já no último termo, usávamos todas as perversidades contra os novatos: molequinho de 1° termo vai ao banheiro já cansado de limar o bloco estriado. Vem uma daquelas mentes brilhantes e cheia de sacanagem, enche a mão de óleo e passa na peça. O coitado chegava até a entortar a lima, mas não conseguia acabar com os malditos estriados. Era comum virar a ferramenta no torno e colocá-la de cabeça para baixo ou travar o fim de curso do torno, para que não funcionasse. Eram 5 dias por semana pensando em como sacanear os novatos.
Acabei me formando em 1988 e nunca mais vi meus ex-colegas. Se você estudou Tornearia Mecânica no Ary Torres (1.12) em agosto de 1987 nas turmas T1A, T2A ou T3B, me mande um e mail (joseval@mwm.com.br). E um grande abraço aos mestres Kotaro, Hideaki, Mosca, Joaquim, Abimael, Amaral, Brasilio e a todos aqueles que contribuíram e contribuem para o crescimento do nosso país.