São Paulo, 23 de dezembro de 2024

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08/06/2012

Novos termos para o Dicionário de Usinês

(*) Aldeci Vieira Santos

(08/06/2008) – Em 2001, publiquei na revista “O Mundo da Usinagem” uma crônica com o título “Você sabe falar usinês?”. A crônica tratava dos termos curiosos que usávamos na época em que estudei no Senai. Na época, o jornalista Antonio Borges, do site Usinagem-Brasil, me perguntou se poderia disponibilizar a crônica em seu site.

Desde então tenho recebido inúmeros comentários positivos a respeito daquela crônica, incluindo sugestões de palavras que poderiam ter sido inseridas. Aliás, aproveito para agradecer todos os comentários e contribuições. Lembro de uma dessas sugestões: “Você poderia ter falado da Bailarina”. E logo me veio à mente: “Cara, eu sou casado! Como vou explicar em casa que passei o dia inteiro resolvendo o problema de uma bailarina. E ainda mais porque ela estava gritando devido à vibração. Quer acabar com o meu casamento?”. Melhor explicar que “bailarina” é só mais uma opção de ferramenta para mandrilar.

Por outro lado, vocês já perceberam o zoológico que existe nas fábricas? Outro dia foi encontrada uma tartaruga debaixo de uma máquina de 8 toneladas. E não é que ainda estava se movendo. Eta bichinho forte! Se já participou da movimentação de máquinas ou peças pesadas, com certeza conhece as tartarugas de rolete, que, às vezes, trabalham em parceria com macacos hidráulicos e girafas. Também se utilizam tubos mecânicos ou barras para substituir as tartarugas. Portanto, relaxe, não é preciso chamar o Ibama ou a sociedade protetora dos animais.

O mundo animal é presença constante também nas manutenções. A porca, por exemplo, é companheira inseparável da aranha, o que causa ciúmes entre os rolamentos. Mas todo mundo sabe que as porcas se casam mesmo é com os parafusos. Você conhece alguma porca triste porque seu parafuso prisioneiro nunca vai à júri?.

Tem também a gaiola, mas eu mesmo nunca vi uma que prendesse rasgo de rabo de andorinha. Curiosamente essa gaiola só serve para rolamentos. E a chupeta que não é para bebês; a coroa que não é para rei; o chicote que não é para domar animais de circo; o espaguete em que não vai molho. É para que serve o martelo de pena? Para ajeitar travesseiro? E o martelo de bola? Para a peladinha dos fins de semana? E o martelo de picão? Bom, esse é melhor explicar que só tira casca de solda.

Responda rápido: quantas polegadas tem o prego ideal para o martelo de 100 toneladas? Você sabia que o pre set não é o 6? Você conhece algum macho que trava por problema na rosca?

Então me diga quando o aço verde amadurece? Eixo-árvore é extraído da Floresta Amazônica? Se ocorrer uma trombada da ferramenta é preciso fazer B.O.? (aí depende do quão violento é o seu chefe). E você tem conhecimento da triste sina das lunetas que nunca serviram para ver os astros celestes?

E não se esqueça que antigamente o transportador de cavacos era o próprio sambista. Hoje é acessório importante nas máquinas, principalmente para quem já teve que transportá-los manualmente. Que apesar de termos em algumas máquinas os alimentadores de barras, estas não comem nada. Na verdade, os gulosos da fábrica são o esmeril, a lima, a lixadeira que, às vezes, comem até dedo. Para quem já afiou alguma coisa neles sabe como é.

Mas nem só de palavras dúbias vive o chão-de-fábrica. Tenho na memória algumas expressões ditas por colegas, como: “Laiká nóis laika, mais money que é good nóis num have”; ou “Esse equipamento tem uma química ferrada!”. E esta: “É seu plantão? Não é minha árvore”.

Poderíamos falar dessas coisas durante horas, porém hoje em dia – como está faltando tempo nas horas – até mesmo para resgatar essas memórias, que nos fazem tão bem, está difícil. Fiquem com Deus!

(*) Aldeci Vieira Santos é gerente de Treinamento Técnico da Sandvik Coromant

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