A Roland Berger Strategy Consultants, maior consultoria de estratégia da Europa, divulga estudo que mostra como as montadoras devem se preparar para superar os desafios da eletrônica embarcada e de que modo seu rápido desenvolvimento tecnológico continuará ao longo da próxima década.
Na opinião de Corrado Capellano, diretor e consultor do setor automotivo da Roland Berger no Brasil, as montadoras devem seguir cinco itens-chave: derivar as tecnologias corretas da estratégia global da marca; reforçar e gerenciar a arquitetura eletrônica do veículo; aumentar o nível de integração com os fornecedores; estabelecer uma estrutura organizacional adequada para atrair os recursos necessários; e otimizar processos e ferramentas para assegurar a maturidade das tecnologias e funções.
“A seleção de tecnologias prioritárias de eletrônica embarcada, que atendam, além dos requisitos mínimos, os sistemas de gerenciamento do motor, suspensão, direção, freio e tração, entre outros exemplos, permite uma diferenciação clara para o cliente e cria uma vantagem competitiva para as montadoras”, afirma Capellano.
De acordo com o consultor, uma sólida arquitetura de sistemas do veículo reduz os custos de desenvolvimento, pelo compartilhamento e reutilização do software, cria sinergias de suprimentos, pela distribuição de componentes entre as plataformas, e aprimora a gestão do ciclo de vida, com melhor administração da produção, montagem e pós-venda.
Essa mesma arquitetura permite a redução do prazo de lançamento do veículo, custos de engenharia mais baixos, em razão da melhora da qualidade dos eletrônicos, melhor entendimento das complexidades do programa embutido e aumento da capacidade básica.
“O fornecedor pode reduzir em 25% as despesas com pesquisa e desenvolvimento em grupos padronizados de instrumentos, enquanto o compartilhamento de componentes entre os veículos em uma plataforma é capaz de gerar economia de até 3% nos custos das compras”, explica Capellano.
Segundo o consultor, os componentes eletroeletrônicos são responsáveis por entre 25% e 40% dos custos totais de garantia. “Diagnósticos remotos criam novos modelos de negócios e asseguram a satisfação do cliente. Mudanças antecipadas de engenharia custam cerca de US$ 3.500, ao passo que modificações posteriores podem representar até cem vezes mais”, compara.
DE MECÂNICOS PARA ELETRÔNICOS – O estudo mostra ainda que a transição de sistemas mecânicos para eletrônicos oferece às montadoras oportunidades adicionais de revitalização do mercado de reposição. Hoje, a personalização do veículo na montadora pode ser realizada até o final da produção, e existem apenas possibilidades limitadas de reconfiguração nas fases de vendas e reposição, informa o estudo da consultoria.
Em 2015, de acordo com a Roland Berger, os sistemas relevantes para a segurança e confiabilidade do veículo continuarão a ser instalados na fábrica. A introdução da arquitetura padronizada permitirá a instalação plug-and-play de novos sistemas, como som e navegação, nas concessionárias. Também será possível expandir sistemas de desempenho do veículo, como a suspensão ativa.
“O mercado de eletrônica automotiva experimentará forte crescimento nos próximos dez anos, embora em ritmo mais lento que no passado. Esperamos que o processo futuro de desenvolvimento de eletrônicos e veículos seja alinhado, e as atualizações tecnológicas, mais freqüentes. Uma estratégia holística é essencial para que as montadoras superem a crescente complexidade da eletrônica embarcada na década subseqüente”, conclui Capellano.