Nesta semana, algumas das principais fabricantes de autopeças do Brasil, como Bosch, Dana, Delphi, Valeo e Visteon, irão reunir-se com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Recentemente, o mesmo grupo esteve reunido com o ministro Antonio Palocci. O tema das reuniões é a perda de competitividade do setor automotivo brasileiro no mercado internacional, principalmente para a China, por causa da desvalorização do dólar.
“Depois de apresentar ao governo as propostas para estimular o crescimento do setor automotivo no mercado interno, a intenção agora é discutir sobre o índice da taxa de juros com o presidente do Banco Central”, disse Flávio Del Soldato, membro do Sindipeças e presidente da Usiparts. “Apesar da boa aparência do setor, com o mercado interno em crescimento, estamos preocupados com as exportações das montadoras, que começaram a reduzir seus contratos externos e terão dificuldades para renová-los por causa do câmbio”, explicou Del Soldato ao jornal Gazeta Mercantil, lembrando que a Fiat e a General Motors vão reduzir seus embarques em 30% neste ano.
A proposta do encontro dos empresários do setor de autopeças com o governo foi tentar antecipar a recuperação do mercado interno para que o setor automotivo – que representa 7,1% do PIB, com faturamento de US$ 60 bilhões em 2005, exportação total de US$ 16,4 bilhões e 289 mil funcionários diretos – mantenha o ritmo de crescimento. “Com o dólar ruim para exportação e juros ruins para investimentos no produto, a agenda do setor ficará muito negativa e o governo precisa perceber isso antes de começar os problemas”, disse Del Soldato.
Para Del Soldato, é preocupante o crescimento da China, que começará a absorver os mercados onde o Brasil poderia vender seus veículos. “Se o Brasil fizer o segundo choque de demanda – como durante a criação da Câmara Setorial no início dos anos 90, que dobrou o tamanho do mercado – é possível aumentar o volume interno e manter a competitividade da indústria brasileira internacionalmente, pois com novos produtos as montadoras terão escala e custo competitivo para disputar negócios no mercado externo”, disse.
ÃNDICE DE NACIONALIZAÇÃO – Por outro lado, algumas fabricantes de autopeças estão reduzindo o índice de nacionalização de seus produtos. É o caso da TDM Friction, fabricante de pastilhas de freio da marca Cobreq, que deve reduzir de 80% para 60% o índice de nacionalização de novos produtos. Matéria-prima e componentes adquiridos nos Estados Unidos, na Europa e na Ãfrica do Sul chegam ao país por preços de 10% a 15% mais baixos, já descontados imposto de importação e logística.
O presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional dos Fabricantes de Autopeças), Paulo Butori, vê com preocupação o movimento das compras externas. “É preciso ter cuidado com o oportunismo, pois a situação pode se reverter e aí será tarde.” O recado é dirigido às montadoras que estão orientando fornecedores a importarem mais, principalmente da China.
Fontes: Gazeta Mercantil e Diário do Grande ABC