Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as importações de autopeças da China cresceram 55,38% nos meses de janeiro e fevereiro de 2006 em comparação a igual período de 2005, passando de US$ 19,37 milhões para US$ 30,1 milhões.
Essa é uma das conseqüências mais visíveis da queda do dólar frente ao real.
É também resultado de recente orientação feita pelas montadoras aos fabricantes de autopeças no Brasil: importar para manter a competitividade. As próprias montadoras têm importado diretamente. Aquilo que a princípio poderia soar como simples ameaça das montadoras ao governo se concretiza.
Praticamente todos os dias os jornais econômicos trazem notícias sobre empresas que estão buscando abastecimento no Exterior. Na semana passada, por exemplo, a Gazeta Mercantil noticiou que a Iochpe Maxion e a ArvinMeritor buscam um sócio na China para a fabricação de rodas para caminhões; já a divisão de transmissões da Eaton recorre à subsidiária do grupo naquele país para comprar componentes (engrenagens e eixos) para sua produção no Brasil.
À Folha de S. Paulo, o presidente do Sindipeças, Paulo Butori, disse que o setor espera queda de até 10 pontos percentuais no índice de nacionalização dos componentes utilizados pelas montadoras por causa do câmbio atual. O índice de nacionalização das autopeças em carros compactos no Brasil varia hoje de 80% a 90%. “Em termos de volume, uma queda de dez pontos é uma enormidade”, disse. Este ano o sindicato estima que haverá queda de US$ 350 milhões no superávit comercial do setor, principalmente por causa de fornecedores chineses, tchecos e coreanos, cada vez mais agressivos.