De acordo com levantamento da CNI – Confederação Nacional da Indústria a indústria de transformação no Brasil vive um de seus piores momentos em termos de produtividade. Em 2005, a produtividade do setor registrou queda de 1,4%, o que consolida o primeiro qüinqüênio como um dos piores, perdendo apenas para o da segunda metade da década de 80, chamada de a “década perdida”. De 2001 a 2005, a produtividade cresceu apenas 3,4%. Segundo a CNI, esse fraco desempenho corrói o ganho acumulado na década de 90 e compromete o vigor das exportações no futuro.
A CNI calcula o índice da produtividade do trabalho dividindo a produção pelo número de trabalhadores empregados na produção ou pelas horas trabalhadas. Utiliza dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE e os dados de pessoal ocupado divulgados nos Indicadores Industriais CNI. Esta análise é feita a cada cinco anos.
Um dos responsáveis pelo pouco crescimento da produtividade é o baixo nível de investimento. Segundo o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Avaliação, Renato da Fonseca, a variável de produção é que definiu a perda de produtividade do trabalho. “E produção depende de investimento”, disse. Em 2005, houve uma freada no crescimento da produção da indústria, que ficou em apenas 2,8% contra 8,5% em 2004. Por sua vez, a taxa de crescimento do emprego industrial continuou a subir, passando de 3,5% em 2004 para 4,2% em 2005. “O maior crescimento no pessoal empregado em relação à produção causou queda na produção por trabalhador”, diz a nota.
Fonseca explica que, nos anos 90, o crescimento da produtividade foi um dos maiores da história e ficou acima de outros países. Isso contribuiu para o melhor desempenho das exportações brasileiras nos últimos anos. Mas se continuar com o mesmo ritmo de baixo crescimento, poderá afetar as exportações. “Assim como parte do desempenho exportador nos últimos anos é creditado aos ganhos de produtividade da década de 90, o baixo crescimento tende a comprometer o vigor dos setores exportadores no futuro”, diz a nota.
No ranking elaborado pela CNI, entre 23 países, o Brasil ficou em quarto lugar em produtividade do trabalho entre 1996-2000. No primeiro qüinqüênio desta década, despencou para o 22º lugar. Segundo a entidade, o Brasil vem perdendo espaço, sobretudo, para os países asiáticos e para os Estados Unidos, que registram taxas de crescimento média anual superiores a 6%.