Na Alemanha, na semana passada, a direção mundial da Volkswagen anunciou plano que prevê o corte de 20% dos postos de trabalho, cerca de 20 mil empregos. No Brasil, também na semana passada, a direção local falou em cortes e na possibilidade de fechamento de uma das cinco fábricas que mantém no País.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, os cortes vão atingir 5.773 dos 24,5 mil funcionários que a montadora emprega no Brasil. Conforme o sindicato, já em 2006 serão dispensados 3 mil empregados, a maior parte na produção. Na fábrica de São Bernardo, apontada pela empresa como a menos produtiva, as demissões devem começar em novembro, pois até lá vigora acordo de estabilidade fechado em 2001. Em Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR), os cortes podem ocorrer a qualquer momento.
Reunidos na sexta-feira, os sindicatos do ABC e da Grande Curitiba decidiram propor um greve mundial. A proposta será apresentada durante o encontro de trabalhadores da Volkswagen marcado para os dias 8 e 9 deste mês em Wolfsburg, na Alemanha.
“Essa atitude é inaceitável e tem relação com a reestruturação que a Volks quer fazer em todo o mundo às custas de milhares de trabalhadores”, disse o presidente do sindicato, José López Feijóo. No Paraná, onde os empregados da Volks entraram em férias coletivas pela terceira vez no ano, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka, disse que os sindicatos não irão negociar as demissões nem flexibilizar os direitos trabalhistas. Para Butka, não estão descartadas paralisações, protestos e greves em nível nacional. O sindicato também não irá atender o pedido da empresa para que os trabalhadores façam hora extra e formem estoques de carros.
A VW emprega 24,5 mil pessoas no Brasil. 4 mil em São José dos Pinhais (PR), 5 mil em Taubaté (SP), 12 mil em São Bernardo do Campo (SP), 500 em Resende (RJ) e 500 em São Carlos (SP). No mundo, nas 47 fábricas em 19 países, emprega 345 mil pessoas.
Atualmente, a VW mundial pratica um plano de redução de custos batizado de ForMotion plus. Com ele, a companhia estima obter lucro líquido de 5,1 bilhões de euros (US$ 6,4 bilhões) em 2008. No ano passado, a montadora economizou 3,5 bilhões de euros (US$ 4,41 bilhões), 400 milhões de euros (US$ 504 milhões) a mais que o previsto.
REAÇÃO DO GOVERNO – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que irá se reunir com representantes do setor automotivo nesta segunda-feira para estudar ações que ajudem as empresas a manter o atual nível de exportações e empregos. Mantega também afirmou que o governo pode ajudar indiretamente a Volkswagen.
Mantega disse que o governo estuda medidas para ajudar montadoras, entre elas a Volks. “O setor automobilístico é muito importante para o País. Estamos interessados em criar as condições para que esse setor continue exportando”, disse o ministro. Segundo Mantega, as exportações de automóveis caíram 10% nos primeiros meses de 2006, o que é um fato “preocupante”. “Vamos estudar quais são as ações que vamos fazer para melhorar as condições deste setor.”
Para o ministro, o problema não está ligado à competitividade ou à eficiência do setor, mas à valorização do câmbio. “O que está diminuindo a competitividade desta indústria é o câmbio, que está se desvalorizando à velocidade desconfortável. Se pudermos atenuar isso, a partir de outros mecanismos, faremos”, disse, sem detalhar que medidas poderiam ser tomadas.
Fontes: Estão de S. Paulo, Agência Estado, Último Segundo, InvestNews, Gazeta do Povo