No mês passado, a Itaipu e a Kraftwerke Oberhasli (KWO), empresa controladora de hidrelétricas na Suíça, assinaram acordo para o desenvolvimento, em Foz do Iguaçu (PR), de pesquisa de viabilidade técnica e econômica para uso de veículos elétricos. A KWO doou para a binacional um Fiat Panda Elettra para o início do projeto. Em julho, a montadora italiana emprestará um Palio feito no Brasil e adaptado para funcionar com eletricidade.
Participarão do projeto, que será tocado no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), universidades suíças, brasileiras e paraguaias. Juntos, os parceiros pretendem aperfeiçoar a tecnologia já existente. De acordo com Celso Novais, coordenador brasileiro do convênio Itaipu-KWO, hoje o veículo elétrico tem autonomia para percorrer até 130 quilômetros, a uma velocidade máxima de 130 km/h.
Limite maior é quando a carga se esgota: o veículo precisa ser ligado a uma tomada e a recarga da bateria leva oito horas. O objetivo das pesquisas são o os de aumentar a autonomia para cerca de 400 km e reduzir o tempo de recarga para 30 minutos. Segundo o coordenador, embora a adaptação das peças eleve o preço do carro em 40%, com o dinheiro de um litro de gasolina é possível pagar energia (na tarifa residencial) para percorrer 60 km.
Além de trabalhar em peças, os parceiros querem capacitar profissionais para a manutenção e incentivar o uso do veículo. “É uma das alternativas do futuro e queremos dominar essa tecnologia”, diz o diretor geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek. Inicialmente, os automóveis seriam usados para substituir a frota própria de Itaipu e de outras empresas de energia, que deixariam de usar gasolina, álcool ou diesel. Questionado se haverá energia no futuro para “abastecer” os carros, o executivo brasileiro explicou que isso seria feito à noite, fora do horário de pico, quando há sobra de energia.
Segundo a direção da empresa, em 32 anos de existência, Itaipu não produziu só energia, mas também conhecimento. Por isso foi criado há três anos o PTI, para aproveitar a experiência de engenheiros que ajudaram a construir a hidrelétrica. O parque conta com 15 empresas incubadas.
Além do uso de energia elétrica em veículos, Itaipu quer testar também o uso de hidrogênio e tem convênio com a Unicamp para pesquisas na área. Em dois anos, a binacional poderá produzir hidrogênio, em escala experimental, para utilização como fonte de energia.
Fonte: Valor Econômico