A Abimaq anunciou na semana passada “Nossa tarefa é transformar a difícil concorrência chinesa em oportunidade, procurando abrir portas e atuar nesse imenso mercado, para o qual não podemos ficar indiferentes. Com o escritório, temos a chance de nos aproximar dessa nação e promover ações mais imediatas voltadas para o desenvolvimento dos negócios da indústria de máquinas brasileira”, afirmou o presidente da Abimaq, Newton de Mello, ao anunciar na semana passada a abertura de um escritório da entidade em Pequim.
O escritório dará atendimento e apoio aos fabricantes de bens de capital na capital chinesa. Para tanto, foi montada uma infra-estrutura, com um profissional que fala português e prestará auxílio aos associados em questões como recepção na cidade, apresentação a autoridades e informações sobre feiras e eventos. O atendimento também inclui a prospecção de clientes e fornecedores de componentes e insumos, parceiros para joint ventures, além de serviços de advocacia local em casos de desrespeito à propriedade intelectual e de empresas de engenharia para inspeções de conformidade técnica.
ESTUDO SOBRE A CHINA – Na mesma ocasião, a Abimaq lançou o estudo “China e o seu efeito sobre a indústria de máquinas e equipamentos no Brasil”. O estudo, elaborado pela economista Patrícia Marrone, detalha as razões do desenvolvimento chinês, mostrando as políticas industriais e planos de governo que impulsionaram 12 setores, entre os quais o de máquinas, nas últimas duas décadas. Um dos resultados é que os gastos do país asiático com Pesquisa e Desenvolvimento, um indicador de competitividade econômica, atingiram US$ 72 bilhões em 2003, enquanto no Brasil eram de US$ 13 bilhões. O número de pessoas envolvidas nessa área também era bem maior: 810 mil na China e 54,9 mil no Brasil.
O livro de 160 páginas aborda as reformas estruturais adotadas e em curso na China, tais como nas empresas estatais e no setor público. “O governo chinês está demonstrando coragem e vontade, reformando a máquina do Estado. Além disso, coordena as políticas monetárias, estrutural e a taxa de câmbio de modo a garantir a continuidade do crescimento econômico”, afirma o presidente da Abimaq, Newton de Mello.
Essas reformas, segundo o trabalho, transformaram o sistema chinês em uma economia de mercado e reduziram a pobreza absoluta, aumentando a renda média da população e gerando crescimento econômico médio de 9,5% ao ano, nas duas últimas décadas. Também criaram distorções como o desemprego e desigualdades. “Apesar disso, as vantagens da China no campo do trabalho permanecerão por décadas. Mas a desvantagem competitiva do Brasil em relação à China não se restringe aos custos da mão-de-obra. A nossa grande desvantagem está na falta de pragmatismo e na lentidão com que o Brasil promove as reformas”, alerta a economista.
Mas a China é vista também tem vulnerabilidades, segundo o estudo. Entre os pontos críticos estão: o peso da burocracia estatal, a ineficiência das empresas estatais, a fragilidade do sistema financeiro e a insurgência recente de fenômenos nocivos como a corrupção e o nepotismo. Também são questionadas a escassez de mão-de-obra de nível intermediário e de matérias-primas básicas, de água potável e de petróleo, a falta de integração regional, as ameaças nas fronteiras, a poluição ambiental e a capacidade limitada de produzir alimentos.