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22/07/2006

Ford quer popularizar veículos biocombustíveis

O Brasil tem um aliado de peso em sua campanha na Alemanha para atrair novos consumidores e mercados para o uso de biocombustíveis. A Ford anunciou, em seminário sobre o agronegócio brasileiro na Alemanha, que o carro “verde” está no centro da estratégia da empresa.

Norbert Krueger, gestor de Sustentabilidade e Cidadania Corporativa da Ford na Alemanha, lembrou que o pioneiro Henry Ford popularizou os primeiros automóveis no mundo com um modelo simples e que coubesse no orçamento da maioria. Agora, a Ford decidiu que o modelo é o “verde”, ou seja, o carro que não polui, usa energia sustentável do ponto de vista social e do meio ambiente.

Por isso, a montadora está investindo na popularização dos veículos movidos a biocombustíveis, especialmente os carros movidos a etanol. Na questão da bioenergia e sua importância para o mundo, a Ford tem visão parecida com a do Brasil, segundo Krueger. “Os interesses realmente são coincidentes”, disse.

A Suécia é o país da Europa que está dando maior espaço ao etanol. O governo sueco lançou, em 2001, um programa em conjunto com empresários e consumidores para deixar o país “livre de petróleo até 2030”, segundo o executivo da Ford. Atualmente, a Suécia já tem 22 mil veículos com motores flex-fuel e 360 postos que vendem etanol. Já estão em andamento projetos importantes com apoio dos governos na Noruega, Grã-Bretanha, Espanha e França.

De acordo com o representante da Ford, o sucesso da estratégia para popularizar o uso do etanol na Europa ainda depende de algumas questões importantes, como o preço. “Esse combustível tem que ter preços acessíveis”, disse, lembrando ainda outra questão decisiva: precisam ser produzidos de forma responsável do ponto de vista do meio ambiente e do social.

“O etanol tem que ser limpo ecologicamente e socialmente. Isso é chave no mercado da Alemanha”, disse, observando que a mídia alemã tem criado uma imagem às vezes negativa das plantações de cana-de-açúcar do Brasil. De acordo com a mídia alemã, muitas vezes essas plantações provocam a derrubada da floresta ou são feitas com a utilização de trabalhos forçados.

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que representou o governo brasileiro no seminário, em Frankfurt, explicou que é tecnicamente impossível produzir cana na região da floresta amazônica. “Chove muito na região. A chuva em excesso impede que a cana produza sacarose, tornando-se apenas um bambu”, explicou Rodrigues.

“Quanto à questão de trabalhos em más condições, temos que ter o cuidado de não generalizar. São casos isolados e o governo atua com firmeza para combatê-los. Mais ainda, se observarmos a classificação da ONU de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), vamos ver que esse índice subiu justamente nos municípios em que a cana-de-açucar se instalou”, acrescentou o ex-ministro.

Rodrigues também reconheceu a necessidade de informar a sociedade alemã sobre como é efetivamente a realidade brasileira. “É preciso criar um canal de comunicação com a comunidade alemã para que a questão da sustentabilidade ambiental e social da produção de etanol no Brasil seja conhecida e fique mais evidente”, observou.

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