A crise que afeta a agricultura brasileira é visível no resultado dos indicadores da indústria de máquinas e implementos agrícolas do primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), quinta-feira passada, os números são negativos na maioria das variáveis.
Para o presidente da Abimaq, Newton de Mello, os indicadores negativos apresentam uma agravante que preocupa ainda mais o setor, que é a base de comparação – junho de 2005 -, quando já estavam muito baixos. Ainda assim, nos seis primeiros meses de 2006, as importações caíram 34,4%, seguindo a mesma tendência no nível de emprego, que teve redução de 12,1%. O faturamento nominal não foi diferente, apresentando queda de 8,5%, seguido pelo desempenho das exportações (- 5%) e dos pedidos em carteira (– 3,6%). A exceção ficou por conta do nível de utilização da capacidade instalada, que subiu 3,6%, embora ainda esteja em patamar muito baixo, em 62,97%.
Os dados estatísticos referentes a máquinas e implementos agrícolas (sem considerar tratores) apontam que desde o início da crise verificada no segmento, em junho de 2004, o faturamento mensal sofreu uma queda de 63%, ao passar de R$ 800 milhões para R$ 300 milhões. A redução de emprego também é significativa. Em junho de 2004 o setor empregava 45 mil funcionários e em junho deste ano estava com aproximadamente 34,5 mil.
Alguns fatores que colaboraram para essa dramática crise podem ser assinalados, como a forte queda das cotações das commodities agrícolas no exterior e a seca em alguns Estados. Mas o presidente da Abimaq, Newton de Mello, entende que o principal deles é a desvalorização do dólar frente ao real, somado à manutenção dos juros em patamares elevadíssimos.
Apesar dessas medidas, o empresário considera que haverá redução significativa de área plantada e uma postergação dos investimentos em máquinas e equipamentos se mantida as expectativas atuais de que os preços de venda desses produtos não cobrirão os custos de produção.
Para Mello, o desenvolvimento deve ser a principal tônica e componente da política econômica do País. Por isso, defende que as autoridades econômicas, priorizem os setores produtivos, além das metas de inflação e superávits primários. “Como representante dos produtores que geram emprego, riqueza e tributos, alertamos para o risco da redução cada vez maior de máquinas produzindo bens e serviços, de grandes projetos de investimentos sendo desviados para outros países e da desindustrialização no Brasil”, conclui o dirigente empresarial.