Na semana passada, a Business Week publicou interessante reportagem sobre a Embraer. A matéria, entitulada “Embraer: An Ugly Duckling Finds Its Wings” (O patinho feio encontra as suas asas), foi realizada por Geri Smith. O título da reportagem se refere a uma frase de Satoshi Yokota, vice-presidente de engenharia e desenvolvimento da Embraer. Segundo Yokota, anos atrás, os concorrentes se perguntavam “Como esses patinhos feios da América do Sul ousam tentar vender aviões no Hemisfério Norte”. E completa: “Felizmente, nos subestimaram”
Geri Smith introduz assim a reportagem (a tradução é do Valor Econômico, que reproduziu a matéria com o título “Embraer supera barreiras e garante lugar entre grandes”):
“Meia dúzia de jatos recém-pintados ocupam um hangar gigante. Um deles, com o logotipo da JetBlue, está sendo equipado com cem poltronas de couro e monitores individuais de TV, além de 45 km de fios elétricos. Alinhados ao longo do corredor há aviões para a Delta Connection, a panamenha Copa Airlines, United Express e Republic Airways. Pareceria ser uma linha de montagem da Boeing ou Airbus. O hangar, na verdade, está no Brasil, em São José dos Campos, cidade da Embraer, terceira maior fabricante mundial de aeronaves.”
De acordo com o texto, nos últimos 35 anos a Embraer foi a única empresa a conseguir entrar com sucesso no mercado de jatos comerciais. Hoje mais de mil de suas aeronaves voam pelo mundo, “incluindo os novos modelos com 118 assentos que começam a roer o mercado da Airbus e Boeing, de grandes aviões”. No ano passado, a Embraer registrou lucro de US$ 446 milhões, com receita de US$ 3,83 bilhões, 93% vindos de negócios no mercado externo.
O repórter se pergunta, “Como o Brasil conseguiu sair-se bem em um negócio que exige tecnologia tão alta e tanto capital?”. Segundo Smith, a Embraer recorreu à longa tradição de engenharia aérea cuja ponta-de-lança foi o programa aeroespacial da Força Aérea Brasileira, criado após a Segunda Guerra Mundial; investe 6% de sua receita em pesquisa e desenvolvimento; treina seus engenheiros recém-contratados não apenas em aeronáutica, mas também em finanças e pesquisa de mercado; os clientes dizem que os aviões da Embraer são bem projetados, confiáveis e mais baratos de operar do que os fabricados pelas rivais. Outro ponto apontado pelo repórter: os brasileiros que conseguem empregos na Embraer (os salários são cerca de 30% dos pagos pela Boeing) sabem que estão entre poucos afortunados, em um país com número limitado de trabalhos de alta tecnologia.
“Os clientes sentem esse orgulho dos funcionários, diz o diretor operacional da JetBlue Airways, Dave Barger. “É uma cultura muito legal. Encaixa-se muito bem com a JetBlue.” A cada avião que a JetBlue recebe da Embraer, a companhia doa US$ 10 mil para um programa da empresa brasileira que envia para a universidade estudantes da classe baixa que demonstram maior talento. A JebBlue encomendou 101 aviões, no valor de US$ 3 bilhões”.
Segue a matéria:
“A empresa, uma ex-estatal, cresce solidamente desde sua privatização em 1994. Suas aeronaves regionais, de 50 lugares, das quais há mais de 850 unidades ainda em operação, colocaram a Embraer no mapa. A atual onda de sucesso origina-se da decisão, no final da década de 90, de investir US$ 1 bilhão para projetar um novo modelo, maior, com capacidade para entre 70 e 118 passageiros, voltado às empresas aéreas de baixo custo e rápido crescimento.
Nesse projeto, os engenheiros da Embraer apresentaram um novo projeto de fuselagem, chamado de “dupla bolha”, que resulta em espaço de sobra para os pés, na altura dos ombros e para a bagagem, além de eliminar a poltrona do meio. Mas de 40 empresas aéreas respaldaram o projeto. A inovação colocou a Embraer à frente da canadense Bombardier e preparou o caminho para uma ambiciosa incursão no mercado de jatos executivos.
“Anos atrás, nossos concorrentes diziam: ´Como esses patinhos feios da América do Sul ousam tentar vender aviões no Hemisfério Norte´”, conta o vice-presidente de engenharia e desenvolvimento da Embraer, Satoshi Yokota. “Felizmente, nos subestimaram.”
Fontes: Business Week/Valor Econômico
Para ler a matéria na íntegra em inglês, clique no link abaixo:
Embraer: an ugly duckling find its wings
Para ler em português, clique no link abaixo: