01/07/2006 – Na década de 80 e 90, a indústria de máquinas-ferramenta passou por forte crise. Empresas fecharam, outras mudaram de atividade. A Indústrias Nardini, de Americana (SP), uma das mais tradicionais do segmento, foi uma das mais atingidas. A empresa, sob o peso de uma enorme dívida, chegou a ficar inativa por alguns meses.
Agora, quase dez anos depois e perto de completar um século de atividades (2008), a Nardini entra em nova fase de recuperação. Sob nova direção, que assumiu o controle da indústria ainda na década de 90, a empresa anuncia investimentos e planeja reconquistar o seu espaço no mercado. “Voltamos ao mercado para incomodar aqueles que torciam contra”, informa Orlando Sanchez Filho, vice-presidente, com 16 anos de Nardini.
Em dezembro, foi inaugurada a nova fundição, na qual foram investidos mais de US$ 5 milhões. A unidade que contava com um antigo forno cubilô, ganhou um forno elétrico, automático, de fabricação da Inductotherm, com capacidade para 10 toneladas/hora, novo laboratório metalográfico, novo misturador de areia, além de reformas no sistema de tratamento e recuperação de areia.
Celso Cesarino Lovotrico, novo gerente de Vendas da Divisão Fundidos, explica que o forno é todo automatizado, tem potência de 2.500 kW, permite o controle da sinterização no painel e é mais rápido, possibilitando a fundição de 5 mil kg em 55 m, quase metade do processo anterior. Lovotrico informa que o forno já está operando a plena carga, produzindo fundidos sob encomenda para indústrias de autopeças e de máquinas. “A demanda está acima do que esperávamos”, diz o gerente.
Atualmente, 70% da produção abastecem a produção da própria Nardini; 30% são comercializados para terceiros. Produz peças em ferro fundido nodular, cinzento e de altas ligas. Em breve, passará a fundir também aço. “Nossa fundição vai atender os segmentos de médias, baixas e baixíssimas séries”, informa Lovotrico, acrescentando que “com o tempo, nosso objetivo é passar a fornecer produtos fundidos e usinados, para agregar valor”.
RETOMADA – A Nardini, em seu melhor momento, chegou a ter 2.100 funcionários. No pior, perto de 500. Hoje, conta com 900. Orlando Sanchez comenta que algumas pessoas chegaram a pensar que a Nardini havia fechado. “Por um período nossas atividades ficaram confundidas com as de nossos principais distribuidores e representantes. Na verdade, a Nardini nunca deixou de operar”, explica.
No início de 2006, a Nardini remontou seu Departamento Comercial, o que não significa que pretenda encerrar os contratos de distribuição vigentes. “Estamos apenas oferecendo duas possibilidades para os clientes contatarem a Nardini, até porque alguns clientes preferem negociar diretamente com o fabricante”, justifica.
Sanchez informa que neste início de ano também foi concluído o plano de negócio para o período 2006-2010. O plano engloba investimentos na produção, incluindo a compra de máquinas e equipamentos para substituir aqueles considerados defasados em relação à tecnologia atualmente empregada na produção de máquinas.
Nessa área, a primeira aquisição já está concluída. Um software de CAE/CAD/CAM de grande porte acaba de ser adquirido para capacitar a engenharia a desenvolver novos produtos e otimizar os atuais. “Precisamos otimizar nossa linha, principalmente para concorrer com os asiáticos no mercado europeu, onde a marca Nardini ainda é muito forte, mas estamos pouco competitivos em termos de preço”, informa.
Hoje, a Nardini produz tornos CNC e convencionais, furadeiras radiais, fresadoras CNC e fresadoras-ferramenteiras. Novas linhas estão nos planos, mas Sanchez prefere mantê-las em segredo. Talvez alguma novidade já surja na próxima Feimafe, que deve marcar o retorno da Nardini ao circuito das grandes feiras nacionais, das quais esteve afastada por dez anos. “Já estamos em entendimentos com a Alcantara Machado”, informa Sanchez.