(*) Liliane Bortoluci
(18/11/2018) – Feiras comerciais são, por excelência, locais para realização de negócios, apresentação de lançamentos e inovação, fortalecimento do branding e do networking. De uns anos para cá, consolidou-se uma tendência de fazer desses encontros setoriais, também, o palco para transferência do conhecimento.
Congressos, seminários, palestras, workshops, debates e outras atrações oferecidas pelos organizadores, muitas vezes gratuitamente, enriquecem a experiência do visitante e valorizam sua presença, o tempo e recursos que ele investiu para estar na feira. Nestes chamados “eventos integrados”, os visitantes podem entrar em contato com reconhecidas autoridades em suas respectivas áreas de atuação, atualizar seus conhecimentos, pegar dicas para seu negócio, debater políticas públicas – enfim, uma gama de oportunidades que dificilmente ele encontraria fora daquele ambiente.
Quando se trata de eventos de natureza tecnológica, como os industriais, esses encontros se tornam ainda mais relevantes. Nas feiras que realizamos em conjunto com a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) – a saber, Feimec, Plástico Brasil e Expomafe –, temos oferecido uma média de 60 horas de eventos integrados a cada feira. Todos eles conduzidos por especialistas ligados a entidades da indústria metalomecânica nacional e internacional, universidades e entidades de ensino técnico, empresas líderes em seus segmentos, representantes do poder público.
Em que pese a importância desses encontros e a ativa participação da plateia, atrações de caráter mais prático e interativo vêm conquistando a preferência dos visitantes. É o caso, por exemplo, da bem-sucedida experiência do “SMED – Single Minute Exchange of Die – Troca Rápida de Moldes”, que apresentamos na edição inaugural da Plástico Brasil, em 2017.
Diminuir o tempo de setup para melhorar a produtividade é um dos grandes desafios da atividade industrial. No caso dos transformadores do plástico e da borracha em particular, a troca de moldes da injetora é um dos processos que mais demandam parada de máquina.
Com isso em mente, e cientes das modernas tecnologias que vêm sendo desenvolvidas por fabricantes brasileiros, montamos naquela feira, numa parceria com o Senai, Staübli, Romi, Previsão e Berg Steel, um demonstrador prático do SMED, metodologia que reduz o tempo de setup para menos de 10 minutos.
Nosso demonstrador – que se valeu de uma eficaz combinação de moldes equipados com sistema de placas magnéticas e o posicionamento racional de talhas, carrinhos, bancadas e racks – queria sobretudo provar aos visitantes que é possível aumentar a produtividade das linhas sem investimentos vultosos.
Simultaneamente à troca, mini palestras explicavam todo o processo, e um cronômetro deixava o desafio ainda mais emocionante. O resultado é que todas as quatro sessões diárias dos cinco dias da feira tiveram “casa cheia”.
Esse reconhecimento do mercado e o compromisso de contribuir com o desenvolvimento da indústria, seja de bens de capital mecânicos, bens de consumo ou de transformação, nos incentiva a repetir e criar mais em ações como esta.
Estamos trabalhando na criação de atrações que priorizam a prática e a interatividade, que colaboram na melhoria dos processos e valorizam a presença do visitante por seu caráter exclusivo – ou seja, um tipo de atração única que ele só verá durante a feira. Porque, para nós, promotores de feiras, a transferência de conhecimento e a valorização do capital humano ainda são os melhores investimentos.
(*) Liliane Bortoluci é diretora da Informa Exhibitions, promotora da Plástico Brasil – Feira Internacional do Plástico e da Borracha