São Paulo, 23 de dezembro de 2024

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26/03/2016

2016 na visão dos importadores de máquinas

(*) Paulo Castelo Branco

(27/03/2016) – As empresas ligadas à importação de máquinas e equipamentos industriais ainda não enxergam uma luz no fim do túnel. O setor acaba de enfrentar um dos piores anos de sua história (perdeu 20% de seu faturamento) e, por enquanto, nada indica que a situação econômica em geral – e o cenário dos importadores de bens de capital em particular – será muito melhor em 2016.

A desvalorização abrupta e a posterior instabilidade do câmbio somadas ao cenário de recessão econômica e de inflação galopante – sem mencionar a flagrante falta de ações concretas por parte do Governo, abalado por uma interminável crise política – praticamente paralisaram os investimentos do segmento importador de máquinas. Compras foram canceladas, remessas internacionais devolvidas. A demanda interna por bens de capital despencou.

Diante dessa realidade, os importadores diminuíram em 25% o volume de negócios com fornecedores internacionais. Trata-se da maior queda anual de importações de bens de capital desde a abertura do mercado brasileiro. Para piorar, a não ser que haja alguma grande mudança no cenário atual, nossos estudos indicam uma nova retração de 25% em 2016, o que significaria dizer que corremos o risco de terminar o ano fornecendo a fabricantes brasileiros quase metade do volume de máquinas e equipamentos importados que fornecíamos no início de 2015.

Esses números se tornam ainda mais preocupantes quando nos damos conta de que a indústria local claramente não possui a capacidade nem a tecnologia para suprir a demanda nacional por máquinas e que, portanto, depende totalmente de equipamentos importados para aumentar sua produtividade e agregar valor a seus produtos.

Neste contexto, ainda há quem teime em culpar o cenário externo pelos problemas que enfrentamos. Na verdade, estamos colhendo hoje o que quase nove anos de uma política econômica que privilegia o consumo acima da produção plantaram. Desde 2007, o Brasil vem inflando uma bolha de consumo insustentável. Famílias passaram a poupar menos, adquiriram mais e mais dívidas, mas nada foi feito para aumentar a produção no mesmo nível.

Com a demanda aquecida e a oferta engatinhando, não é surpresa terminar 2015 com inflação acima de 10% e com um impacto direto no setor produtivo, conforme mostram as últimas notícias. Segundo o IBGE, a produção industrial em novembro caiu pelo segundo mês consecutivo, algo inédito desde que a medição foi iniciada, em 2002. Quando falamos da produção de máquinas, os números são ainda piores: no ano passado, a produção de bens de capital sofreu uma redução de 25,1% em relação a 2014. Produzimos um quarto a menos.

Uma crise dessas proporções, que depois de quase um ano não mostra perspectivas de melhora, cria a perspectiva de uma verdadeira depressão na economia. Para nos tirar dessa situação e começar uma lenta recuperação, é essencial que o Governo apresente uma política industrial bem definida e moderna, que reconheça a importância de se nacionalizar a manufatura, dê estrutura para a exportação decolar e que permita às importadoras de máquinas desempenharem seu papel vital: fornecer às fabricantes instaladas no Brasil bens de capital com tecnologia de ponta, possibilitando o aumento da produção e da competitividade.

A definição de uma política industrial é apenas um primeiro passo, mas, sem ele, não enxergamos um cenário para 2016 menos sombrio do que presenciamos em 2015.

(*) Paulo Castelo Branco é economista e presidente da Abimei (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais)

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